Rafaela Gonçalves*
postado em 09/07/2019 19:40
A Ibovespa, índice que mede a variação das ações mais negociadas no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo, bateu recorde histórico pelo terceiro pregão seguido fechando a 104.530 pontos com alta de %2b0,42%. Mesmo com um cenário exterior operando em baixa, os ânimos em função do andamento da Reforma da Previdência no Congresso à espera da votação ainda esta semana são o motivo do resultado positivo.
O analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, considera que o mercado tem dado mais foco aos desdobramentos políticos diante da expectativa financeira. ;Mesmo não atingindo marcas tão expressivas a positividade marca a expectativa com o andamento da reforma. Tínhamos tudo para ter um resultado pior com a baixa no mercado internacional, mas bolsa operou no positivo conforme a movimentação de quinta com a proposta aprovada na comissão. Agora começamos a contar o tempo para a votação na Câmara antes do recesso, que começa dia 18 até começo de agosto;, diz.
Analistas reduziram mais uma vez a previsão de crescimento para a economia em 2019, segundo os dados divulgados do relatório Focus, levantamento feito com mais de 100 instituições financeiras pelo Banco Central, essa é a 19; queda consecutiva na previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Enquanto a projeção passou de 0,85% para 0,82% neste ano, a estimativa para a inflação se manteve em 3,80% e pela primeira vez no ano o mercado reduziu a previsão de inflação de 2020 de 4% para 3,98%, como reflexo da baixa atividade econômica.
Para Marcel Balassiano, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, o que chama atenção é a constância de revisões para baixo. ;O problema da atividade não é somente juros de forma que a política monetária faça com que a economia se fortaleça, assim como não só a previdência, por isso outras reformas são importantes para um aquecimento mais forte no futuro. Por outro lado a expectativa de médio prazo é positiva, por variáveis de mercado com expectativa cada vez mais perto da reforma;, destaca o especialista, ressaltando que a recuperação é lenta e gradual.
O pesquisador chama atenção para as taxas de juros e inflação. ;A Selic manteve o patamar, com a taxa básica de juros vai fechar o ano um pouco menor que o nível de agora. Com a inflação corrente baixa o BC pode vir a abaixar mais um pouco os juros, existe o risca das reformas obviamente, mas o cenário está cada vez mais positivo para aprovação. E caso a inflação se concretize, será o terceiro ano abaixo da meta;, diz.
Com os ânimos acalmados após a trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China, é aberto um cenário de cautela na expectativa das conversas entre Trump e Xi Jinping, que devem começar esta semana. O ambiente é de maior de cautela nos mercados exteriores, repercutido os dados do mercado de trabalho nos EUA e a espera do discurso do Federal Reserve (FED), Banco Central americano. A taxa de câmbio brasileira tem se valorizado nas últimas semanas enquanto o dólar opera em queda, fechando o dia com -0,24% a R$ 3,81.
;Foi levantada uma dúvida quanto a queda de juros do FED, antes se especulava que fosse feito um corte agressivo nas taxas americanas e vimos um resultado forme a mediana da expectativa de criação de empregos. Isso criou uma pressão e tirou um pouco da urgência em realizar o movimento que já estava precificado. Não vimos muita novidade quanto a guerra comercial, os dois mercados dos EUA e Ásia vem repercutindo essa fraqueza na possibilidade de corte de juros, ambos fechando em baixa;, analisa Arbetman.