postado em 09/07/2019 04:04
Reduzir o enorme rombo fiscal das contas públicas passa pela retomada do crescimento da economia e pela melhoria dos gastos públicos. Sugestões para atingir esse objetivo foram debatidas ontem durante o seminário do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).Além do secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues, participaram do evento Rodrigo Orair, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), Hélio Tollini, consultor na Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, e os pesquisadores associados do Ibre-FGV e professores da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Barbosa e Manoel Pires.
Rodrigues entende que a economia deve ser incentivada, pelo lado da oferta, e não pela demanda. ;Devemos incentivar a oferta e combater a má alocação, porque isso implica improdutividade;, afirmou. Em contraponto, Barbosa reforçou que há um problema forte de demanda no país. ;Temos um desemprego elevado, capacidade ociosa elevada na indústria, inflação no piso da meta. Nossa economia sofre insuficiências de demanda. E é possível que o governo faça mais de duas coisas ao mesmo tempo, como aprovar reformas, melhorar a legislação e atuar na demanda do curto prazo;, argumentou o ex-ministro da Fazenda, defendendo redução na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 6,5% ao ano.
Para Barbosa, ;a reforma da Previdência está acabando com todo estoque de argumentos do Banco Central para não reduzir as taxas;. Ele propôs que o governo Jair Bolsonaro crie uma ;PEC do Investimento;, que libere uma conta fixa por quatro anos para ser realocada em infraestrutura, transportes, desenvolvimento urbano, pavimentação e habitação, que, segundo ele, são os principais geradores de empregos.
Helio Tollini aproveitou o seminário para discorrer sobre os instrumentos fiscais adotados por países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como a Suécia, e propor novas medidas para o Brasil nesse sentido. ;O que os países da OCDE fazem diante de crises fiscais é trabalhar com um cenário associado ao médio prazo. E por que trabalhar com o médio prazo e não com o curto, como é feito aqui? Porque a grande maioria de decisões relativas a despesas públicas têm impactos que vão além de um ano;, afirmou o consultor legislativo. (TM)