Economia

Governo revê alta do PIB para 0,8%

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 13/07/2019 04:05

O governo revisou para baixo, pela terceira vez consecutiva, as estimativas de crescimento econômico para 2019 e para 2020. De acordo com o Boletim Macro Fiscal da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país) terá avanço de 0,81% este ano e vai superar a marca dos R$ 7 trilhões. Em maio, a previsão era de crescimento de 1,6%, e já havia caído, em junho, para alta de 1%. A projeção para 2020, que começou em incremento de 2,6%, caiu para 2,5% e, agora, está em alta de 2,2%.

A revisão se deve, de acordo com a secretaria, à demora na recuperação da economia no segundo semestre, à redução da confiança de empresários e consumidores, à estabilidade da produção industrial e à lenta recuperação dos serviços. O documento aponta que a queda no crescimento teve como pano de fundo questões estruturais e choques de curto prazo, como a guerra comercial no exterior, as intempéries climáticas que prejudicaram a agricultura e o rompimento da barragem da Companhia Vale, em Brumadinho (MG), que afetou a indústria. A retomada deverá passar necessariamente por um conjunto de reformas de reequilíbrio fiscal, em especial a da Previdência e reformas pró-mercado.

Alinhamento


Para os analistas, no entanto, o governo alinhou, com atraso, as expectativas às previsões do mercado. ;Desde maio, nós já prevíamos PIB de 0,75% este ano;, afirmou Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. A questão, disse ele, é que esse resultado tem pequeno impacto fiscal por um lado, mas, por outro, vai ;exigir uma taxa maior de sacrifício da população, já que vai afetar o emprego e a renda;. A explicação é que, com um PIB menor, o governo arrecada menos e o mercado de trabalho fica paralisado, porque os investidores ainda não viram os resultados práticos das prometidas reformas estruturais.

;Não tem milagre. O governo anunciou novas medidas para destravar a economia. Eu não as conheço. Vamos acreditar que vão aparecer;, disse Silveira. Flavio Serrano, economista-chefe do Haitong Banco de Investimentos, igualmente, não viu novidades no relatório do Ministério da Economia. ;O Brasil tem um sério problema de falta de produtividade e vive nesse momento uma escassez de oferta;, disse. Um dos motivos é o fato de o setor público estar sem condições de fazer investimentos por causa da necessidade de sério ajuste fiscal. ;Caberá esse papel ao setor privado. Mas para isso é preciso um conjunto de ações de incentivo. A reforma da Previdência foi somente o primeiro passo. Mesmo assim, não se sabe o tamanho que ela terá. O mercado está em compasso de espera;, assinalou Serrano.

Cálculos do secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, projetam incremento de 0,5 ponto percentual no PIB, caso as mudanças nas aposentadorias e pensões sejam aprovadas pelo Congresso Nacional. O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, ressalta que a reforma tem um grande peso nos planos do governo. Menos otimista, o subsecretário de política macroeconômica, Vladimir Teles, previu que o impacto, este ano, deve ser pequeno, melhorando no ano que vem.

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