Paula Pacheco
postado em 17/07/2019 06:00
São Paulo ; No Brasil, uma tradicional marca alemã domina o mercado de material escolar e papelaria. A Faber-Castell está estabelecida há muito tempo no país e tem sua marca muito bem estabelecida como referência no setor. Mas um outro grande grupo alemão decidiu brigar pela preferência dos brasileiros e assumiu a estratégia de comercialização, marketing e captação de clientes.
Até o início do mês, a Staedtler ; empresa pertencente a uma fundação alemã e que faturou no ano passado R$ 1,6 bilhão ; vinha trabalhando com distribuidores no Brasil. Mas a direção da companhia decidiu transformar o país em um hub de negócios na América Latina (excluindo o México, que integra a América do Norte) e o Brasil é o primeiro país nesse novo modelo de operação.
Recentemente, a Staedtler comprou o controle da Artesco, a maior fábrica de materiais escolares e de escritório do Peru. Ao assumir a operação na região, a companhia pretende contar com a produção para abastecer, juntamente à Alemanha, os mercados da região. A marca alemã está presente em cerca de 150 países, conta com nove fábricas e emprega 3 mil pessoas.
Mas qual é a razão de uma multinacional centenária decidir assumir a operação da sua marca em um momento em que o Brasil não dá sinais favoráveis em relação ao consumo? Alexandre Facci, diretor responsável pelos negócios da marca no país explica: ;O Brasil é importante no segmento global de papelaria. Os negócios vinham sendo desenvolvidos da forma correta, mas, para acelerar, só com uma operação própria. Alguns esforços precisam ser feitos pela própria empresa;.
Apesar dos planos para o país, Facci acredita que a missão para a nova fase da Staedtler não será tão difícil. ;Temos como vantagem o fato de já ter parceiros operando há muito tempo com a marca, o que leva a um conhecimento da marca pelos consumidores;.
A companhia trabalha com uma linha artística e outra técnica. Agora, no novo momento, promete aumentar a variedade e a disponibilidade de produtos. Se por um lado Facci conta com o relacionamento que seus parceiros de distribuição já têm com o varejo, por outro o executivo sabe que terá pela frente, como ele mesmo diz, o ;desafio no mundo escolar;. ;Nesse segmento não temos acesso e tanto as papelarias quanto os consumidores não conhecem nosso portfólio;.
Para melhorar esse segmento, a companhia pretende se dedicar a um bom modelo de distribuição e assim fazer com que seus produtos cheguem ao consumidor. Será necessário, segundo o diretor da subsidiária brasileira, intensificar o corpo-a-corpo junto às papelarias, às escolas e aos formadores de opinião.
;Será preciso ir até as escolas e papelarias para mostrar o portfólio correto, segundo cada segmento em que atuamos. Vamos trazer uma boa variedade para o Brasil a um custo intermediário, entregando algo mais a quem tem interesse na marca e busca preço e qualidade, mas com uma entrega maior;, explica Facci.
As redes sociais também terão um papel importante para que a Staedtler consiga deslanchar no país. Além de falar com os consumidores para tentar gerar a experimentação de seus produtos, a multinacional alemã pretende usar os influenciadores digitais para aumentar o alcance da marca.
Além de competir com a Faber-Castell, a Staedtler terá outra pedra pelo caminho ; a invasão de produtos asiáticos de baixo preço e de qualidade inferior em muitos casos. Esses importados vêm ganhando espaço por conta da crise do país. ;Temos competidores muito importantes, como a Faber-Castell. E tem também produtos que atendem a outros segmentos. Nós olhamos o mercado de forma a poder entregar uma experiência e o peso do ;made in Germany; será muito relevante;, avalia o executivo.