Economia

Seguradoras buscam clientes com opção de aporte menor

Agência Estado
postado em 22/07/2019 07:25
Enquanto o mercado de previdência privada demonstra estagnação em número de contribuintes e os montantes acumulados nos fundos já não crescem como no passado, seguradoras apostam em novos produtos para conquistar clientes. A estratégia agora está em aportes mensais menores e opções de fundos que tomam maior risco para o investimento, tanto em renda fixa quanto variável. A busca por investidores com aporte menor foi o que motivou a Brasilprev, empresa do Banco do Brasil líder do mercado de previdência complementar, a lançar em setembro o Brasil Prev Fácil, no qual é possível investir mensalmente R$ 100 - aporte que até era possível antes, mas que agora tem taxas reduzidas e condições simplificadas. Já foram fechados 175 mil novos planos nessa modalidade para 160 mil novos clientes. "Os planos de previdência, em geral, são difíceis de entender. O investidor tem de fazer escolhas entre tipos diferentes de tributação, se converterá em renda ou não, se deve tomar mais ou menos risco, são muitas variáveis. Os clientes pensam em investir para aposentadoria, mas a complexidade do assunto dificulta. Vimos que essa opção simplificada atraiu mais pessoas", explica Marcelo Wagner, diretor financeiro da Brasilprev. Nesse produto, o cliente é direcionado para um plano VGBL, no qual a tributação é aplicada sobre o ganho de capital, e que é indicado para quem faz a declaração simplificada do Imposto de Renda. "É muito difícil alguém se arrepender da opção VGBL. Para contratar um PGBL (opção indicada para quem faz declaração completa do IR e que possibilita desconto na tributação), a pessoa tem de estar mais convicta. O VGBL possibilita também que, no caso de resgate do dinheiro, a carga tributária não seja tão alta", explica Wagner. O investimento do plano é em um fundo de renda fixa que pode adquirir títulos mais longos do Tesouro, além de opções pós-fixadas. Na mesma linha, a Bradesco Seguros lançou em maio um plano com aporte mínimo mensal de R$ 50, que também investe em renda fixa. Para Joelson Sampaio, coordenador do curso de Economia da Fundação Getulio Vargas em São Paulo (EESP/FGV), dos investimentos de longo prazo, a previdência privada ainda é a mais simples para o investidor iniciante se educar para poupar. Ele acredita que a queda de popularidade do investimento tem mais a ver com a crise financeira do País, que reduziu a capacidade de poupança, do que especificamente com a qualidade dos produtos. Risco Por outro lado, focadas em maior rentabilidade, algumas seguradoras têm apostado em fundos para clientes que tomam mais risco, em virtude da tendência global de juros mais baixos. "Temos visto um interesse crescente em fundos multimercados e maior apetite por risco. Por isso, temos orçado produtos mais agressivos", diz Cal Constantino, gestor de fundos de previdência da Santander Asset Management. Em dezembro, a seguradora do Santander lançou um produto de renda fixa com gestão ativa, no qual a carteira pode ser turbinada com mais risco, de acordo com o momento do mercado. "Vivemos um período de otimismo, com inflação controlada, tendência de corte de juros e avanço das reformas. Por isso, trabalhamos com risco mais elevado e rendimento de 135% do CDI", explica Constantino. A Caixa Seguros lançou no fim do ano a opção de previdência com fundos multimercado de estratégia livre para grandes investidores. Uma carteira que permite alocações em título públicos e privados, moedas estrangeiras e renda variável. A estratégia está em aproveitar o longo prazo para que os ganhos superem as perdas que produtos mais arriscados podem trazer. Diversificação A Icatu, que, diz ter aumentado em 132% suas captações líquidas de janeiro a maio em relação ao mesmo período de 2018, aposta na democratização dos planos de previdência e na educação financeira para a melhor compreensão de risco e renda variável. "Os planos deveriam se adequar a todos os tipos de renda e perfis de investidores. Temos a possibilidade de aportes mensais de R$ 100 há dois ou três anos", afirma Henrique Diniz, superintendente de Previdência da Icatu. Joelson Sampaio, da FGV, acredita que o avanço da reforma da Previdência deve aumentar a busca por esse investimento. "Ligou a luz amarela de que temos de nos preocupar com isso." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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