Economia

Floriculturas on-line buscam alternativas para crescer internacionalmente

Grupo detentor da Flores On-line fecha parceria com distribuidores e passa a oferecer entregas em pelo menos 30 países. A Giuliana Flores fechou parceria com o iFood

Jaqueline Mendes
postado em 24/07/2019 06:00
Plantação em Holambra: feira serve de laboratório para definir lançamentos

São Paulo ; Um dos destaques do varejo nos últimos anos, o setor de floriculturas está crescendo sem sentir tão de perto os efeitos da crise no país. Depois de avançar 9% no ano passado (muito acima do PIB do mesmo período) e movimentar quase R$ 8 bilhões, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), as empresas do setor estão germinando novas estratégias para continuar essa expansão.

Uma das pontas dessa cadeia é o comércio eletrônico. Ontem, foi a vez do Grupo Flora, dono das marcas Flores On-line, Isabela Flores e Uniflores, anunciar a assinatura de acordos com distribuidores internacionais. A partir de agora, a companhia passa a oferecer aos clientes a opção de fazer as compras no site brasileiro, para a entrega das encomendas em cerca de 30 países.

Sistema semelhante já funciona no Brasil, por meio de parcerias com floriculturas espalhadas por todo o país. As três marcas do Grupo Flora funcionam como um marketplace, que capta pedidos e aciona esses parceiros locais. Quem está em São Paulo e quer enviar flores para Macapá, por exemplo, compra pelo site da empresa e quem faz a entrega é um parceiro local.

Para chegar aos novos mercados, foi preciso negociar com várias floriculturas de cada um dos países, definir o portfólio, negociar a margem a ser repassada por pedido, além de definir horários de entrega e tipo de corte das flores e plantas. Em um primeiro momento, o site estará disponível em cinco idiomas e em quatro moedas. Quando a compra for concluída, o pedido será encaminhado para a floricultura parceira que estiver em melhores condições para realizar a entrega naquele mercado.

"Vínhamos crescendo num ritmo de mais de 100% ao ano, mas hoje, estamos a uma taxa de 30%. Para voltar a crescer como antes, o caminho foi internacionalizar. Precisamos voltar a dar saltos de expansão;, conta Luiz Torres, CEO do grupo.

A meta a partir de agora é bem agressiva. Com a internacionalização dos negócios, Torres espera sair de uma receita atual de R$ 35 milhões ao ano para R$ 80 milhões até 2021.

Torres conta que a internacionalização da plataforma de e-commerce não foi muito difícil. ;Como os arranjos são parecidos em todo o mundo, a decisão de internacionalizar foi muito simples. Montamos uma matriz de conhecimento e fomos para o mercado global.;

Segundo o empresário, a operação do grupo, apesar de estar bem consolidada no mercado nacional, ainda é pequena, se se levar em consideração o faturamento desse setor no Brasil ; o equivalente a 5% das vendas totais dos Estados Unidos, por exemplo.

Para Luiz Torres, CEO do Grupo Flora, a internacionalização é uma das formas de aumentar o faturamento

Idiomas

O processo de inclusão de outros países como destino dos pedidos feitos a partir do e-commerce brasileiro envolveu todas as áreas da empresa. Foi preciso, por exemplo, preparar o site para ser visualizado em vários idiomas. Além disso, a empresa teve de investir no serviço de atendimento ao cliente em outras línguas e fazer adequações no sistema de cobrança e de pagamentos.

Com a evolução do projeto, o site está disponível em português, inglês, francês, italiano e espanhol, abrindo vendas para Espanha, Itália, Alemanha, Reino Unido, França, Portugal, Suíça, Irlanda, Dinamarca, Argentina, Chile, Uruguai, México, Emirados Árabes Unidos, Israel e Noruega, entre outros países. Para definir os países aos quais levaria seus serviços nessa nova fase, a direção do grupo teve como ponto de partida características de mercado, como o hábito de comprar flores, o valor médio gasto por habitante nesse tipo de produto e o idioma.

O processo de internacionalização foi iniciado com a marca Isabela Flores, que já surgiu no mercado como uma plataforma para integrar floristas e clientes em todo Brasil. Por essa razão, a direção do grupo acredita que os clientes estejam mais familiarizados com as características do modelo de marketplace. O projeto, no entanto, é expandir as entregas internacionais para todas as empresas da companhia.

A Flores On-line, fundada em 1998, foi o primeiro e-commerce de flores e presentes. Criada pela Família Casarini, recebeu investimentos da 1800Flowers e do fundo BR Opportunities. Em julho de 2017, Luiz Torres e Lucas Buffo assumiram a operação da companhia, que passou a integrar o Grupo Flora, ao lado de Isabela Flores e Uniflores.

Concorrente

Enquanto o Grupo Flora acredita no reforço de caixa que deverá vir das vendas para o exterior, o plano da rival Giuliana Flores é olhar para dentro. Líder no mercado nacional, com 60% de participação, a estratégia de crescimento está ancorada na entrega.

A empresa fechou parceria com o iFood, para distribuir seus produtos e impulsionar suas vendas. Com cerca de 180 mil entregas por ano, o app tem potencial para triplicar os números da empresa. A companhia vende alimentos e cestas temáticas, num total de aproximadamente 2 mil itens, além das flores.

Apenas a cidade de Holambra, no interior paulista, que responde por 45% do mercado de flores do Brasil, deve crescer 10% nos negócios neste ano.

A Expoflora ; maior exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina, realizada anualmente ; tem funcionado como um termômetro do mercado consumidor pelos produtores. A exposição, segundo os organizadores do evento, é fundamental e funciona como um laboratório. Durante cinco fins de semana, por volta de 300 mil pessoas passam pelo espaço da feira. Para o produtor, é a chance de testar a aceitação de novas variações de flores e, a partir daí, avaliar seu potencial.

O crescimento do setor nesse contexto pode ser atribuído a dois fatores principalmente. Um deles foi a aposta em novas variedades trazidas do exterior, multiplicadas no Brasil e introduzidas no mercado. Essa estratégia permitiu ao produtor reduzir custos e colocar as novidades no mercado a preços mais baixos. A outra razão foi o aumento da venda em supermercados, o que também contribuiu para aumentar o consumo e reduzir o valor das plantas.

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