Agência Estado
postado em 25/07/2019 18:00
Depois da relativa calmaria dos últimos dias, o mercado de câmbio teve uma sessão mais tensa nesta quinta-feira, 25, e com volume forte de negócios. O dólar bateu em R$ 3,80 logo pela manhã, o que não acontecia desde o dia 8 de julho, ou seja, antes da aprovação da reforma da Previdência no primeiro turno da Câmara. O cenário externo foi novamente o fator predominante a influenciar as cotações. Os investidores ficaram insatisfeitos com as declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, que não soou tão defensor de mais estímulos monetários como se esperava. Alguns bancos já previam que os juros fossem cortados hoje na zona do euro. Como reflexo, o dia foi marcado por fuga de ativos de risco. O dólar se fortaleceu no mercado internacional e aqui.
O dólar à vista fechou em alta de 0,34%, aos R$ 3,7820, o maior valor desde o último dia 9. Além de os resultados da reunião de política monetária do BCE desagradarem, indicadores mais fortes que o esperado nos Estados Unidos esfriaram as apostas de corte mais intenso nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) na semana que vem. As encomendas de bens duráveis subiram 2% em junho, ante previsão de Wall Street de alta de 0,5%.
Na Europa, Draghi sinalizou que os juros vão permanecer "nos níveis atuais" ou mais baixos até 2020, mas reforçou que os dirigentes não discutiram novos estímulos monetários. "O BCE sinalizou um corte de juros em setembro. Contudo, qualquer detalhe de um novo pacote ou medidas permanecem sem clareza", afirma o estrategista do Société Générale, Anatoli Annenkov. Ele projeta um corte de 0,20 ponto. Já os economistas do Morgan Stanley veem um corte menor, de 0,10 ponto, também em setembro, e um novo programa de compras de ativos no quarto trimestre.
O diretor da gestora coreana Mirae Asset, Pablo Spyer, ressalta que as declarações de Draghi trouxeram certa frustração, principalmente quando ele falou que não se discutiu na reunião novos estímulos monetários, o que estimulou as compras de dólar. "O mundo está em uma onda 'dovish'", destaca ele, ressaltando que vários países estão cortando juros. Hoje foi a vez da Turquia e na semana que vem deve ser o Federal Reserve. Em meio a frustração com as declarações do BCE, o dólar que havia começado o dia em baixa, virou e passou rapidamente a subir, batendo em R$ 3,8070 na máxima do dia.