Economia

Planos coletivos: 20% de reajuste

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 26/07/2019 04:05

Os planos de saúde coletivos, que representam mais de 80% do mercado de saúde suplementar no país, tiveram reajuste até três vezes maior que o definido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os individuais, de 7,35%. Os contratos empresariais ou por adesão anunciaram alta de até 20%. Essa modalidade possui mais de 38 mil usuários no Brasil.

De acordo com o advogado especialista em planos de saúde Rodrigo Araújo, o problema da regulação é a falta de fiscalização e de transparência nos gastos das empresas. ;O cálculo dos custos é realizado a partir de um relatório da própria operadora. Mas quem garante que os dados são verdadeiros? Não é realizada auditoria ou prestação de contas por parte das operadoras;, explicou.

Segundo ele, há uma segunda questão problemática: ;A operadora repassa para o consumidor 100% dos custos que tem. É o único segmento de empresas no país que transfere os riscos da atividade empresarial para os clientes;, argumentou. Na visão de Araújo, o índice de reajuste dos planos de saúde é muito alto quando comparado com a inflação.

Fernando César Figueiredo, 53 anos, era usuário de um plano individual, mas precisou cancelar ,porque não estava conseguindo pagar. Depois, descobriu um problema renal e procurou novamente planos de saúde. ;Aderi a um plano coletivo, mas precisei cancelar também. Os planos são abusivos, e a gente fica à mercê da saúde pública que está muito ruim;.

Em nota, a ANS explicou que estabelece o índice máximo que deve ser aplicado aos planos individuais/familiares e monitora os percentuais anuais cobrados pelas operadoras em contratos coletivos.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira


  • Correção

    De acordo com a Federação Nacional de Saúde Suplementar, de 2008 a 2018, a despesa assistencial por beneficiário cresceu 192%, e a variação de custos médicos e hospitalares (VCMH), 289,5%. No mesmo período, o reajuste da ANS foi de 155%. ;O percentual de correção das mensalidades dos planos individuais não acompanha o crescimento dos gastos assistenciais com internações, exames, novas tecnologias, bem como com a frequência de uso do serviço pelo beneficiário do plano;.

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