postado em 29/07/2019 04:04
Há 59 anos, Brasília impressionou o mundo com seu ambiente moderno e a ousadia do projeto. A criação de uma cidade inteira, no meio do Planalto Central, em apenas cinco anos, desafiou os conceitos de arquitetura e urbanismo. Agora, a cidade, mais uma vez, pretende encarar um desafio para manter a fama de ter cenário futurístico. O governo do DF lançou plano para fazer da capital federal a primeira cidade inteligente da América Latina. Nos próximos meses, moradores terão a oportunidade de conhecer e entender os benefícios da inteligência artificial. O passo revolucionário será no transporte urbano terrestre. O GDF pretende colocar um ônibus autônomo, ou seja, que se desloca sem a necessidade de motorista, para levar passageiros que passam todos os dias pela Esplanada dos Ministérios.
As negociações em torno do primeiro coletivo autônomo do DF estão em andamento. A empresa responsável por implantar o projeto piloto está localizada no Vale do Silício, nos Estados Unidos. A região é o berço da informática moderna, deu origem à computação como se conhece hoje e continua inovando para transformar a humanidade nas próximas décadas. Após o desenvolvimento dos microcomputadores, da internet, do avanço da fibra ótica e dos softwares para usuários, as grandes empresas de tecnologia se concentram agora na interação da rede de computadores com outros objetos que fazem parte da vida das pessoas.
A comunicação entre o computador, a geladeira, a televisão e as luzes de uma casa já é uma realidade. O próximo passo é criar um sistema de transporte inteligente, que evite acidentes, faça o fluxo de veículos fluir sem entraves e dê tempo para que o usuário aproveite a viagem para pensar, ler e se divertir. Quando projetou a capital, na década de 1950, o urbanista Lúcio Costa não imaginou que as ruas largas seriam perfeitas não apenas para os próximos 60 anos, mas também para os próximos séculos. O trecho plano, com poucas curvas e vias espaçosas da Esplanada, é o cenário ideal para o teste do ônibus. A cidade resolveu antecipar previsões de especialistas. Um estudo da Rethink X mostra que, até 2030, cerca de 95% de cada quilômetro rodado será por um veículo autônomo.
O contrato com a empresa que desenvolve o coletivo deve ser fechado nos próximos 60 dias. Em seguida, o ônibus será trazido para Brasília. O secretário de Ciência e Tecnologia de Brasília, Gilvan Máximo, destaca que esse será apenas o começo de uma proposta a ser levada para todo o DF. ;Os próximos encontros servirão para conhecer a tecnologia. Será um projeto piloto para avaliar a expansão posteriormente. O ônibus será completamente autônomo, sem a necessidade de motorista ou qualquer outro funcionário. O software já foi desenvolvido, e o trajeto simples da Esplanada é ideal para testá-lo;, conta.
Máximo diz que não está autorizado a revelar o nome da empresa escolhida, até que o contrato esteja fechado. Mas o coletivo deve começar a circular ainda neste segundo semestre. ;Não estamos medindo esforços para avançar nessa tecnologia. Vamos ser a primeira cidade a testar a internet 5G, que é muito mais rápida do que a comum. Câmeras inteligentes, de reconhecimento facial, serão espalhadas pela cidade. E tudo isso estará interligado para mudar a rotina dos moradores do DF;, frisa.
Colocar um carro de passeio autônomo nas ruas já é um grande desafio. Ao avaliar a situação na perspectiva de um ônibus, preparado para transportar até 100 pessoas, é possível perceber que o planejamento tem de ser ainda mais preciso. O analista de sistemas de informação Ruan Carlos, especialista em inteligência artificial, destaca que não pode haver falhas na tecnologia, sob o risco de causar acidentes. ;O processamento das informações colhidas no trajeto não ficará no próprio ônibus, mas, sim, na nuvem. O acesso à internet precisa ser muito bom. Nessa comunicação, existe um tempo de latência (tempo de transmissão da informação), que deverá ser muito rápido;, ressalta. ;Não pode ocorrer falha. Se uma pessoa se joga na frente do ônibus, a câmera vai identificar que existe o objeto e envia a imagem ao servidor. E o servidor precisa responder identificando que se trata de uma pessoa. Assim, o coletivo agirá para evitar um acidente.;
Veículos elétricos
As mudanças no trânsito do DF, neste segundo semestre, prometem abrir espaço para um caminho sem volta rumo ao que existe de ponta na tecnologia global. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o GDF fecharam uma parceria que vai disponibilizar 16 carros do modelo Twizy, da marca Renault, para serem usados por servidores distritais. O número de veículos pode aumentar após a implantação do projeto inicial. Ao mesmo tempo, o DF terá 35 eletropostos, que podem abastecer qualquer veículo elétrico.
Para incentivar o uso dessa tecnologia, que deixa para trás o combustível fóssil e o impacto ao meio ambiente, os pontos de recarga poderão ser usados sem custo pelos usuários. A cidade será um laboratório a céu aberto para revelar como a tecnologia pode melhorar a mobilidade urbana. Com a troca de parte da frota, o governo espera economizar até R$ 10 milhões por ano em manutenção e combustível.
O presidente da ABDI, Guto Ferreira, afirma que a cidade vai contribuir com a evolução dos meios de transporte, além de abrir caminho para o ingresso da alta tecnologia no dia a dia das pessoas. ;É muito importante demonstrar as soluções em ambiente real, numa cidade com características que permitam a avaliação dos resultados para a população e para a indústria associada;, diz. ;E, entre as soluções, o compartilhamento de veículos elétricos se encontra em fase mais madura, com testes sólidos no Parque Tecnológico e na Itaipu Binacional. A ABDI tem como objetivo mudar o pensamento da nossa sociedade para que as novas tecnologias tenham mais aderência. O compartilhamento de veículos elétricos é uma delas, é o futuro da nossa mobilidade.;
"Vamos ser a primeira cidade a testar a internet 5G, que é muito mais
rápida do que a comum. Câmeras inteligentes, de reconhecimento facial,
serão espalhadas pela cidade. E tudo isso estará interligado,
para mudar a rotina dos moradores do DF;
rápida do que a comum. Câmeras inteligentes, de reconhecimento facial,
serão espalhadas pela cidade. E tudo isso estará interligado,
para mudar a rotina dos moradores do DF;
Gilvan Máximo,
secretário de Ciência e Tecnologia de Brasília