Agência Estado
postado em 29/07/2019 15:50
Um grupo de sete ex-presidentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma carta aberta defendendo os cortes conduzidos pelo órgão nos questionários do Censo Demográfico 2020. Entre os signatários estão o economista Edmar Bacha, um dos criadores do Plano Real.
Duas semanas antes, outro grupo formado por cinco ex-presidentes do IBGE defendeu também em carta aberta a manutenção do Censo conforme formulado pela equipe técnica do órgão.
"Não procede, como às vezes tem sido dito, que redução do tamanho dos questionários do Censo significaria a perda irreparável de séries históricas sobre diferentes características da população", escreveu o novo grupo de ex-presidentes, que defende os cortes, na carta divulgada nesta segunda-feira.
Além de Bacha, a nova nota é assinada também por Edson de Oliveira Nunes, Charles Curt Mueller, Eduardo Augusto Guimarães, Silvio Augusto Minciotti, Simon Schwartzman e Sérgio Besserman Vianna.
Em meio a um cenário de restrições orçamentárias, o questionário básico do Censo 2020 - versão mais enxuta e aplicada em todos os domicílios brasileiros - foi enxugado de 37 perguntas previstas na versão piloto para 25 questões. No Censo de 2010, havia 34 perguntas.
Já o questionário mais completo, que é aplicado numa amostra que equivale a 10% dos domicílios, foi enxugado de 112 para 76 perguntas. No Censo 2010, o questionário amostral tinha 102 questões.
Uma mobilização de parentes e entidades ligadas a pessoas com autismo ganhou o apoio da primeira-dama Michelle Bolsonaro e resultou na determinação do presidente Jair Bolsonaro para que o IBGE inclua mais uma questão no Censo Demográfico. A Lei 13.861/2019, sancionada pelo presidente, determina a inclusão da coleta de dados sobre autismo no Censo Demográfico.
Representando entidades ligadas a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o apresentador Marcos Mion declarou que a vitória não teria sido possível sem a primeira-dama.
O corte nos questionários do Censo Demográfico foi defendido pelo ministro Paulo Guedes, e encampado pela presidente escolhida por ele para assumir o IBGE em sua gestão, Susana Cordeiro Guerra.
As reduções nos dois questionários - o que vai a todos os domicílios e o que contempla apenas 10% da população - deixaram de fora perguntas sobre renda, emigração internacional, migração regional, posse de bens de consumo, estado civil dos brasileiros, deslocamento para a escola e horas despendidas no trabalho, entre outros temas relevantes.
"Instituições de pesquisa em todo o mundo estão sempre revendo e atualizando seus instrumentos de coleta de dados, e não faltam instrumentos aos pesquisadores para comparar informações obtidas em diversos momentos e por diversas metodologias. O questionário do Censo brasileiro tem sido diferente a cada década, e não se pode pretender que ele fique congelado no tempo", apoiou o grupo de ex-presidentes a favor dos cortes.