postado em 30/07/2019 04:05
Como espera uma notícia positiva na área econômica, o presidente Jair Bolsonaro tem defendido, nos bastidores, uma redução mais forte da taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre entre hoje e amanhã. Depois da aprovação da reforma da Previdência no primeiro turno na Câmara e do anúncio de liberação do saque de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o chefe do Executivo se anima com a possibilidade de corte de 0,5 ponto percentual nos juros, levando para a mínima histórica.
A decisão cairia em boa hora, já que o Banco Central (BC) divulgou, na sexta, que as taxas cobradas pelos bancos no rotativo do cartão de crédito e do cheque especial superaram os 300% ao ano. Os diretores da autoridade monetária vão se reunir para definir o corte, dado como certo no mercado. O Planalto tem pressa para que a economia engate e quer criar uma agenda de resultados econômicos positivos.
Em 6,5% ao ano desde março de 2018, a Selic está no menor patamar da história, mas ainda em nível insuficiente para aquecer a economia. Tanto é que o país deve acumular nove meses consecutivos de estagnação. Depois do Produto Interno Bruto (PIB) ter crescido 0,5% no terceiro trimestre no ano passado, os dois seguintes tiveram resultados desanimadores: alta de 0,1% e queda de 0,2%, respectivamente.
Desejo
Analistas estimam que, para o segundo trimestre deste ano, o resultado deve ser parecido. Bolsonaro se reuniu com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, antes da divulgação das medidas para liberar o saque das contas ativas e inativas do FGTS. Durante o encontro, não tratou sobre juros, mas, para assessores, há uma demonstração clara de que o presidente deseja poder apresentar taxas menores à sociedade.
O mercado está dividido sobre a queda dos juros, pois não se sabe se o que vai prevalecer é uma postura mais conservadora, alinhada ao perfil de Campos Neto, ou mais arrojada, como deseja Bolsonaro.
;O BC precisa adotar uma postura mais conservadora, quando começa um ciclo de queda de juros, começando com corte de 0,25 ponto percentual. Mas não é o caso. Apesar de o presidente ser novo, o BC vem com confiança e credibilidade herdadas da gestão do Ilan (Goldfajn);, diz o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.
O sócio do ModalMais, Álvaro Bandeira, aposta em corte de 0,5 ponto percentual para o cenário atual. ;A diminuição dos juros tem efeito adicional na dívida pública. Em junho, as taxas aumentaram o endividamento do governo em R$ 19 bilhões. Num cenário que temos quase R$ 4 trilhões em pendências, ia ajudar a suavizar a evolução do estoque;, disse.