Economia

Primeira categoria de caminhoneiros encaminha acordo sobre valor do frete

Reunidos desde a segunda-feira no Ministério da Infraestrutura, os representantes de transportadoras, embarcadores e motoristas de caminhão buscam consenso sobre tabela

Simone Kafruni
postado em 30/07/2019 20:12
Em maio de 2018, a paralisação dos caminhoneiros durou quase duas semanas e causou transtornos por todo o paísNo segundo dia de reuniões entre os representantes do governo, transportadoras, embarcadores e caminhoneiros no Ministério da Infraestrutura, ao menos uma categoria das 11 existentes saiu satisfeita. Nesta terça-feira (30/07), os transportadores de carga líquida, como combustíveis e derivados de petróleo, alinhavaram o acordo sobre o valor do frete. As demais ainda estão calculando os percentuais que serão acrescidos à tabela elaborada pela Esalq e que desagradou os caminhoneiros por considerar apenas custos, sem incluir o lucro dos profissionais.

Segundo Ailton Gomes, presidente da Associação dos Transportadores de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Rio de Janeiro, os caminhoneiros estão apresentando os percentuais que consideram justos. ;A parte de carga líquida, que nós representamos, está praticamente alinhada. Faltam apenas detalhes com embarcadores;, disse, ao deixar a reunião. Gomes explicou que, na segunda-feira, a reunião foi apenas para separar os grupos. ;Hoje, cada um vez sua proposta. Amanhã (quarta-feira) deve sair um fechamento;, estimou.

O representante da Confederação Nacional dos Transportadores em Logística (CNTTL) e presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Ijuí (RS) Carlos Alberto Liti Dahmer não saiu tão otimista. ;A categoria de carga líquida fez um acordo entre todas as partes, validando o que já é praticado pelo mercado. Não entram nos números do estudo (da Esalq);, explicou. ;Isso não acontece nas outras categorias, que estão com valores muito defasados;, disse.

Liti afirmou que os caminhoneiros estão aguardando que o ;outro lado; se pronuncie. ;É uma negociação intermediada pelo governo. É um tema complexo porque o índice acima do piso varia, até mesmo dentro de uma mesma categoria, dependendo da quilometragem;, detalhou. Conforme a liderança, os embarcadores (cujos representantes são das confederações do transporte, da indústria e da agricultura) precisam avaliar o que foi proposto. ;Os demais atores - CNT, CNI, CNA -- precisam se manifestar. Ou aceitar ou contrapor as propostas feitas;, completou.

Para a especialista em direito concorrencial, Patricia Agra, sócia do L.O. Baptista Advogado, mesmo que os acordos sejam elaborados de forma consensual, a ideia do tabelamento de fretes, em si, não é boa. ;Acaba com a concorrência, facilita a cartelização e prejudica justamente os mais frágeis da cadeia, os caminhoneiros autônomos;, avaliou.


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