Economia

Acordo bilionário: fabricante da Ray-Ban compra empresa dona da Fototica

Negócio entre EssilorLuxottica e GrandVision, anunciado nesta quarta-feira (31/7), resultará na maior empresa do setor ótico, com lojas em 40 países, e foi fechado por 7,2 bilhões de euros

Paula Pacheco
postado em 01/08/2019 06:00
Funcionária da EssilorLuxottica, dona da licença de marcas de luxo, como Prada, confere lentes para óculosSão Paulo ; A EssilorLuxottica, fabricante dos óculos Ray-Ban, anunciou nesta quarta-feira (31/7) a compra da GrandVision. O acordo foi fechado em 7,2 bilhões de euros. Com a aquisição, a marca franco-italiana passa a ter o acesso facilitado a uma rede de cerca de 7 mil lojas, em 40 países. Entre eles está o Brasil, onde o grupo holandês comprou a rede de óticas Fototica, em 2007, que passou a se chamar GrandVision by Fototica.

Para convencer os acionistas, a EssilorLuxottica aceitou pagar 28 euros por ação em troca da participação de 76,72% que a HAL, empresa controlada pela família holandesa Van der Vorm, detém na GrandVision. Após o acordo, a EssilorLuxottica terá de fazer uma oferta pelas ações restantes da GrandVision.

O valor do negócio representa um prêmio de 33,1% sobre a cifra do valor das ações da GrandVision, negociadas na Bolsa de Amsterdã, no fechamento do pregão de 16 de julho, quando surgiu a notícia de que as duas empresas estavam em negociações.

O negócio foi anunciado no dia em que a EssilorLuxottica, dona de marcas de lente como Varilux e Crizal (produzidas em suas 32 fábricas), apresentou os resultados do primeiro semestre. A empresa explicou por meio de nota que a oferta subirá para 28,42 euros, caso a aquisição não seja fechada nos próximos 12 meses.

A conclusão da operação poderá demorar entre 12 e 24 meses, segundo informações divulgadas pelos dois grupos. Para o negócio ser concluído, será preciso submetê-lo a avaliações de órgãos reguladores. Se o negócio não avançar até 30 de julho de 2021 ou no caso de ocorrer uma violação no acordo ou nas garantias dadas pela EssilorLuxottica, o grupo pagará uma indenização de 400 milhões de euros à HAL.

Com o negócio, a EssilorLuxottica espera ter as condições adequadas para ser um grupo global tanto na fabricação de armações e lentes quanto na presença maior no varejo, por meio também de lojas próprias, principalmente na Europa. Ao todo, passará a contar com aproximadamente 7.200 pontos de venda, além de 37 mil funcionários e 3,7 bilhões em receita anual.

A GrandVision ; dona de marcas como Vision Express na Grã-Bretanha e For Eyes nos Estados Unidos ; deve se beneficiar do compromisso da EssilorLuxottica com o investimento em produtos. Em contrapartida, oferece uma carteira de cerca de 150 milhões de consumidores. Juntas, as empresas também vão buscar sinergias nas áreas de inovação, cadeia de suprimentos, RH e conhecimento digital.

Além da Ray-Ban, a EssilorLuxottica é dona da licença de outras 32 marcas do mercado de luxo no segmento ótico, tais como Vogue, Tiffany., Prada, Giorgio Armani e Chanel. Sua rede atualmente conta com 9 mil lojas, aproximadamente, segundo o site do grupo. A companhia está no varejo com bandeiras como David Clulow, Spectacle Hut e Sunglass Hut, que também tem lojas no Brasil.

A empresa é resultado de uma fusão, ocorrida no ano passado, entre a fabricante de lentes francesa Essilor e o grupo de óculos italianos Luxottica, que resultou em um negócio de 48 bilhões de euros. Em nota, Stephan Borchert, CEO da GrandVision, disse que espera a partir do negócio que seja criada uma empresa ;verdadeiramente global;, em condições de capturar as necessidades e comportamentos do consumidor e de fornecer aos clientes a experiência de multicanalidade.

Brasil

O setor óptico fatura no Brasil, segundo a associação que representa a indústria, a Abióptica, R$ 21,5 bilhões, referentes a 2018. Mas parte da demanda nacional é atendida pela pirataria. Estimativa do Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP) mostra que no ano passado os produtos ilegais desse setor da economia geraram R$ 9,7 bilhões em vendas ; foi o quinto item nesse ranking ;, o que representou um crescimento de 32% na comparação com o número aferido em 2017. Itens como armações e óculos de sol ficaram atrás apenas de vestuário, cigarros, medicamentos e agrotóxicos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação