postado em 01/08/2019 04:05
A aguardada ;superquarta; registrou bastante volatilidade no mercado ontem. Três horas antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil, o comitê do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), o Fomc, anunciou o primeiro corte de juros desde 2008.
A decisão não foi unânime, pois dois diretores votaram contra a redução de 0,25 ponto percentual, passando a taxa básica de 2,5% ao ano para 2,25% anuais. Votaram contra os chefes do Fed de Boston (Massachusetts), Eric Rosengren, e do Kansas City (Missouri), Esther George. Analistas avaliaram que a falta de uma sinalização mais clara do presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, sobre futuros cortes deixou o mercado confuso.
As bolsas caíram nos dois países e o dólar subiu no Brasil, ultrapassando novamente a barreira de R$ 3,80. A Dow Jones, em Nova York, chegou a escorregar 250 pontos logo após o anúncio do Fed, e encerrou o dia com queda de 1,23% a 26.864 pontos. A Nasdaq, a bolsa norte-americana das empresas de tecnologia, recuou 1,19%. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) acompanhou as norte-americanas e encerrou o pregão no vermelho, a 101.812 pontos, com retração de 1,09%. Já a divisa dos EUA subiu 0,75% ante o real, cotado a R$ 3,820 para a venda.
Para o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer, o comentário do Fed de que o corte foi um ;ajuste de ciclo;, significou que ;não há planos para novos cortes;. ;Por isso, o mercado ficou bastante volátil;, acrescentou. O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, explicou que a decisão do Fomc e a fala de Powell deixaram os formadores de preços confusos. ;No fim das contas, o dólar e os juros curtos subiram nos Estados Unidos. Os juros dos títulos de 10 anos registraram forte variação, mas retornaram para tendência de queda;, disse.
Ele destacou ainda que Powell afirmou que as incertezas ligadas ao comércio mundial e à desaceleração global da economia recomendam cautela na condução da política monetária. ;Assim, fica o sinal de que não se trata necessariamente do início de um ciclo de queda da taxa de juros americana. A expressão usada por ele foi de um ajuste de ;mid cycle;, algo como sintonia fina;, completou.