Cláudia Dianni
postado em 01/08/2019 18:23
Nesta quinta-feira (1/8) pela manhã, o secretário de comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, que cumpre agenda no Brasil desde segunda-feira (29/7), esteve com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que apresentou ao representante do governo americano 41 concessões de aeroportos que estão previstas, além de leilões, arrendamentos e desestatizações de terminais portuários, rodovias e os planos para as concessões do setor ferroviário, segundo informou o Ministério da Infraestrutura. De acordo com a assessoria do Ministério, o secretário americano manifestou interesse especial no processo de concessão de ferrovias e considerou uma possível negociação bilateral para investimento.
[SAIBAMAIS]Ross e Freitas também trataram sobre combate à corrupção e, ainda segundo a assessoria do ministério da Infraestrutura, o secretário americano teria sugerido que ;o Brasil assuma a liderança entre os países participantes para a construção de acordos de ética voluntários entre os governos das diferentes nações e empresas;.
Acordo Comercial
Na quarta-feira (31/7), o secretário de comércio esteve com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ao final dos encontros, Guedes afirmou que os dois governos decidiram oficializar o início de negociações comerciais bilaterais e entre os Estados Unidos e O Mercosul. O Brasil ocupa a presidência pró-tempore do bloco comercial neste semestre e o governo promete fazer gestão com os parceiro para iniciar as negociações
Na avaliação do consultor em comércio internacional Wagner Parente, da BMJ, é pouco provável que haja um acordo de livre comércio no médio-prazo. Para ele, a aproximação com o Brasil está mais relacionada aos interesses de empresas norte-americanas em investimentos no setor de infraestrutura.
;O acordo com a União Europeia levou 20 anos para ser costurado. O caminho até um acordo é longo e envolve normativos, modalidades, entre outros aspectos. Além disso, também nos Estados Unidos o Brasil enfrenta desvantagens, pois, assim como a União Europeia, o governo americano também subsidia a produção agrícola, embora a pauta de exportação para os Estados Unidos tenha maior valor agregado, essa questão também terá relevância em um eventual acordo;, disse.
O vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), embaixador José Alfredo Graça Lima, também é cético quanto à celebração de uma acordo de livre comércio entre o Mercosul e os Estados Unidos no médio prazo, devido à dificuldade de uma mesma equipe de comércio se debruçar entre dois acordos comerciais, com os Estados Unidos e com a União Europeia, ambos complexos.
De acordo com Graça Lima, assim como no acordo com a União Européia, os subsídios agrícolas praticados nos Estados Unidos não entram em negociações comerciais. ;A Política Agrícola é revisada a cada quatro ou cinco anos e nunca entra em nenhum acordo comercial;. Para Graça Lima, a novidade é a boa vontade do presidente Donald Trump para realizar uma aproximação, já que os governo americano costuma fazer acordos comerciais com ;prêmio por bom comportamento;, em um sinal positivo de alinhamento que pode ser revertido em facilitação de negócios. No entanto, ele lembra que acordos comerciais são autorizados pelo congresso americano, atualmente com maioria democrata, sensíveis à questão agrícola. ;Eles vão querer ganhos reais;, disse.