Agência Estado
postado em 02/08/2019 15:15
As principais bolsas europeias fecharam em queda acentuada nesta sexta-feira, 2, pressionadas fortemente pelo anúncio de novas tarifas dos Estados Unidos sobre a China. Dados macroeconômicos mistos sobre a zona do euro também pesaram sobre os mercados. O índice pan-europeu Stoxx 600 registrou a maior baixa intraday de 2019 e recuou 2,46% para 378,15 pontos, com queda de 3,21% na comparação semanal.
Na tarde de quinta-feira, Trump anunciou tarifas adicionais de 10% sobre US$ 300 bilhões em importações chinesas, que deverão entrar em vigor em setembro, alegando que o presidente chinês, Xi Jinping, "não está agindo rápido o bastante" nas negociações. O impacto se refletiu negativamente nos pregões europeus desde a abertura, piorando a perspectiva econômica para o continente.
Além disso, a inflação medida pelo índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da zona do euro recuou mais que o esperado entre maio e junho, embora as vendas no varejo tenham avançado acima das previsões de analistas no mesmo período, segundo dados divulgados pela Eurostat, agência de estatísticas da UE.
O analista Angel Talavera, da Oxford Economics, avalia que as novas tarifas se acumulam sobre os indicadores fracos da indústria e as dificuldades de retomada do equilíbrio econômico na Europa. "O anúncio das tarifas e a crescente probabilidade de um Brexit sem acordo continuarão a agravar a situação europeia, provavelmente impedindo qualquer recuperação significativa no segundo semestre do ano", sugere Talavera.
No noticiário europeu também está a votação para nomear o candidato da UE para a direção-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocorre nesta sexta-feira. Ministros da Economia e Finanças do bloco escolherão sua indicação para suceder a Christine Lagarde, que assumirá a presidência do Banco Central Europeu (BCE) ainda este ano.
Na bolsa de Londres, o índice FTSE teve queda de 2,34% para 7.407,06 pontos, perdendo 1,88% na variação semanal, com baixas lideradas pelo Royal Bank of Scotland (-6,54%), após o banco registrar lucro, mas informar que não atingiria metas de resultado para 2020, e pela mineradora Antofagasta (-6,25%), com destaque também para as mineradoras Glencore (-4,79%) e BHP (-4,76%).
A sombra de uma saída da UE sem acordo em 31 de outubro continua a pairar sobre o Reino Unido, com analistas do JPMorgan avaliando que o bloco econômico não irá ceder às reivindicações do primeiro-ministro Boris Johnson para renegociar a proposta atual. "Há alguma sensibilidade da UE à credibilidade da ameaça de um Brexit sem acordo", escrevem os analistas Malcolm Barr e Allan Monks. "Mas, com a capacidade de Johnson de garantir esta estratégia na Câmara, não esperamos que a posição do bloco mude muito a esta altura".
Na Alemanha, o índice DAX caiu 3,11% para 11.872,44 pontos, recuando 4,41% na semana. Gigantes como a Adidas (-5,42%) e a fabricante de semicondutores Infineon (-6,03%) estiveram entre as maiores perdas, além da Allianz (-3,54%), que caiu apesar do aumento dos lucros publicado em seu balanço desta sexta, já que um índice de solvência dela diminuiu, o que foi visto por analistas como um sinal de menor chance de mais anúncios de recompra de ações pela seguradora.
Liderando as baixas europeias, o índice CAC 40, da bolsa da Paris, cedeu 3,57% para 5.359,00 pontos, com perda semanal de 4,48%. O banco Crédit Agricole (-4,88%) caiu após frustrar expectativas com a publicação de seu balanço, registrando recuo de 15% no lucro do segundo trimestre do ano.
O índice FTSE MIB, da bolsa de Milão, perdeu 2,41%, aos 21.046,86 pontos, recuando 3,62% na comparação semanal. A CNH Industrial (-6,76%), segunda maior produtora mundial de equipamentos agrícolas, e a Pirelli (-6,90%) estiveram entre as maiores baixas do Stoxx 600 nesta sexta-feira.
Em Madri, o índice Ibex 35 fechou em queda de 1,56%, aos 8.897,60 pontos, com queda semanal de 3,55%. Já o índice PSI 20, da bolsa de Lisboa, recuou 2,19% para 4.903,80 pontos, uma perda de 4,62% desde o fechamento da sexta-feira passada.