Bernardo Bittar
postado em 06/08/2019 11:46
O presidente dos Correios, general Floriano Peixoto, e o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, compareceram a audiência pública na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (6/8), para dar explicações sobre a privatização da estatal. Embora o Ministério da Economia esteja conduzindo estudos para viabilizar a mudança administrativa e o fim do monopólio de entrega de correspondências no país, o governo nega que haja, até o momento, qualquer decisão oficial sobre o tema.
A reunião ocorre após requerimento da deputada Érika Kokay (PT-DF), que pede explicações sobre o assunto. "A proposta do governo de privatizar o órgão gera insegurança jurídica, pois traz inúmeras perdas com o fechamento de agências e a situação dos trabalhadores". Parlamentares que apoiam o projeto justificam que a decisão do Planalto foi motivada pela pela ineficiência, corrupção e perda de mercado na estatal.
Durante discurso, o ministro Marcos Pontes falou sobre o desejo do governo Bolsonaro de privatizar os Correios. Mas garantiu que "até o momento, não há documento oficial". Se acabar oficializada, complementou, a mudança "terá a participação de todo mundo".
Embora outros integrantes do primeiro escalão tenham sinalizado apoio à privatização (o ministro Paulo Guedes, da Economia, diz que "ninguém mais manda cartas"), o presidente da empresa confirma a declaração de Pontes afirmando que "ainda não há nenhum instrumento legal em andamento para promover mudanças na administração da estatal".
Opções
As opções seriam o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que une o público ao privado, ou a desestatização, a chamada privatização (que sai do público para o privado).
"A decisão foi tomada assertivamente para fortalecer a empresa. A ansiedade em torno dessa possível privatização, ainda no campo das ideias, será uma coisa extremamente positiva para o país", declara o líder governista na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO).
Para o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), "a estrutura de natureza estatal da empresa faz com que os Correios tenham histórico de extrema ineficiência e corrupção. Nos últimos anos, vimos a empresa envolvida na Lava-Jato, na CPI dos Correios e na Operação Greenfield, para citar algumas. É hora de mudar".
Outro ponto para justificar a privatização é a folha de pagamento, que consome 60% da receita líquida da estatal para despesas com os salários de 105 mil funcionários. Nos últimos 15 anos, os Correios tiveram sete presidentes. A média, na Europa, foram dois. Segundo Kataguiri, o número demonstra "ingerência" e excesso de sindicalização.