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Economista diz que concentração e verticalização no setor bancário são mitos

Para o consultor Gesner Oliveira, não há salto significativo de concentração no Brasil

Claudia Dianni
postado em 06/08/2019 12:19
Sobre a possível verticalização, para Gesner, apesar da dificuldade de medir esse aspecto no setor bancário, não há indícios de anomalia no BrasilO economista Gesner Oliveira disse, nesta terça-feira (6/8), no seminário Como Fazer os Juros Caírem no Brasil?, promovido pelo Correio com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que, no Brasil, há três mitos com relação ao mercado bancário: excesso de concentração, que a concentração de decorre dos custos de operação e verticalização exagerada (quando o setor é responsável pela oferta de todas a etapas da produção ou serviço). Gesner foi um dos palestrantes do painel Concentração e Competição, como ampliar a oferta a um custo menor.
Para o consultor, não há salto significativo de concentração no Brasil. ;Se pegarmos um conjunto de indicadores e classificar, o Brasil está em posição média, nunca entre os mais concentrados. A concentração bancária é menor do que em vários outros setores na economia;, disse. ;A participação dos três maiores setores em segmentos, são bem mais concentradas do que no setor bancário;, afirmou.

Na avaliação de Gesner, o argumento, segundo o qual, a concentração no setor bancário estaria associado a custos, preços elevados e abuso de poder não é real, já que, segundo afirmou, não está discrepante com relação ao padrão mundial. ;Concentração não é condição suficiente para abuso de poder de mercado;, disse. Segundo ele, a discussão sobre concentração de mercado será mais complexa na economia digital, sobretudo no setor financeiro, o que aumenta a importância da regulação e de autoregulação, como forma de superar as falhas de mercado.

Sobre a possível verticalização, para Gesner, apesar da dificuldade de medir esse aspecto no setor bancário, não há indícios de anomalia no Brasil. ;É natural ter um conjunto de serviços abrigado em uma instituição financeira. Estruturas verticais são presentes em vários setores, como o ferroviário, por exemplo, além do caso das petroquímicas, onde há clara necessidade de verticalização para redução de custo;, disse.

Na avaliação de Gesner, ;poucas vezes o Brasil apontou que estava na caminho correto e este momento é um deles;. Ele se referia à trajetória de redução da Selic, a taxa básica de juros da economia. Na semana passada, o Banco Central baixou a selic de 6,5% para 6% e o mercado conta com novas reduções até o fim do ano. Este é o menor patamar histórico da taxa Selic. ;Os juros real são de cerca e 2%. Ainda altos, comparados ao padrão internacional, mas estamos no caminho certo;, disse.

De acordo com dados do Banco Central, os cinco maiores bancos do país concentraram mais de 80% dos empréstimos e depósitos em 2018, informação disponível no Relatório de Economia Bancária, divulgado em maio. Isso significa que, do total de empréstimos, 84,8% foram concedidos pelos cinco maiores bancos que operam no Brasil: Itaú, Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica Federal, ou seja, de cada R$ 10 emprestados, R$ 8,48 foram financiamento concedidos por essas instituições.

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