Rosana Hessel
postado em 06/08/2019 12:33
Sem um mercado de crédito bem estruturado e funcionando bem uma economia não consegue crescer adequadamente. Essa correlação foi destacada pela economista Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman. Ela participou do segundo painel do seminário Correio Debate: Como fazer os juros caírem no Brasil, evento realizado, nesta terça-feira (6/8), pelo Correio Braziliense em parceria com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
;Essa correlação é muito clara entre crescimento e crédito;, afirmou. ;Crédito causa crescimento. Se queremos aumentar a taxa de expansão e de produtividade da economia precisamos ter um mercado de crédito profundo e eficiente;, completou ela, lembrando que a produtividade e o crescimento suficientes para reduzir desemprego e gerar renda para a população dependem de um mercado crédito ;eficiente e ativo;.
Durante a sua apresentação, Ana Carla destacou que, para que o crescimento ocorra, a cadeia de crédito precisa funcionar bem, desde a origem, passando pela concessão até chegar à recuperação desse crédito, que são fatores que pesam na composição do spread bancário. No caso da recuperação, por exemplo, o valor recuperado ainda é baixo e o tempo levado, de até quatro anos, é muito longo e acaba ajudando a aumentar o custo dos empréstimos.
;Se tivermos um processo que não funciona bem, o país não consegue aumentar a produtividade da economia porque aloca recursos de forma ineficiente;, disse Ana Carla, lembrando da época de expansão do crédito público, alavancada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na última década, mas que acabou não sendo refletida na expansão da economia.
A economista elogiou a agenda do Banco Central, a BC#, citada pelo presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, durante a abertura do evento, para a democratização do crédito. Ela, inclusive, destacou o cadastro positivo, que permitirá que os bons pagadores consigam crédito com juros mais baixos, como uma das melhores medidas nessa direção. ;Levamos 10 anos para aprovar o cadastro positivo, mas ainda estamos atrasados nessa agenda e fico feliz ao ver que o BC também começou a falar também sobre o open banking;, disse. ;Não adianta falar que o lucro dos bancos respondem pelo spread bancário. Há uma jornada e um processo do crédito que precisa ser olhado em cada uma das etapas. O open banking vai justamente nessa direção. Ela tira a assimetria e permite que outros participantes tenham acesso a informações que apenas os bancos com estrutura grande possuem;, afirmou.