Jornal Correio Braziliense

Economia

Ata do Copom repete que economia segue operando com alto nível de ociosidade

Na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, publicada nesta terça-feira, 6, os membros do colegiado reafirmaram que "a economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego". Esta ideia já vem aparecendo há meses nos documentos do BC. Outra ideia retomada na ata desta terça é a de que os patamares de diversas medidas de inflação subjacente "encontram-se em níveis confortáveis". "No horizonte relevante para a política monetária, que inclui o ano calendário de 2020, os cenários com taxas de juros constantes em 6.50% a.a. produzem inflação abaixo da meta para 2020, enquanto os cenários com trajetória de juros extraída da pesquisa Focus, que embutem ajustes adicionais no grau de estímulo monetário, produzem inflação em torno da meta", acrescentou o BC na ata. Processo de reformas Na ata, os membros do colegiado reafirmaram que "a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a queda da taxa de juros estrutural, para o funcionamento pleno da política monetária e para a recuperação sustentável da economia". Esta ideia já aparecia em documentos anteriores do BC. A instituição afirmou ainda que "a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes". "Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva", acrescentou o colegiado, na ata. Próximos passos Ao tratar dos próximos passos na política monetária, o BC voltou a avaliar que "a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo monetário". "Tendo em vista sua preferência por explicitar condicionalidades sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia suas decisões, o Copom julgou ser fundamental enfatizar que a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima decisão e reiterar que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", acrescentou o BC. Taxa de juros estrutural Os membros do Copom deixaram claro nesta terça por meio da ata que a taxa de juros estrutural será o ponto de referência para a determinação da Selic (a taxa básica de juros), hoje em 6,00% ao ano. A taxa estrutural é aquela que, em tese, não gera inflação e permite o crescimento econômico. Com a reforma da Previdência, a expectativa é de que ela possa cair. Na ata publicada nesta terça, o BC também voltou a afirmar que as atuais taxas de juros reais (descontada a inflação) ex-ante "têm efeito estimulativo sobre a economia". Ao mesmo tempo, o BC pontuou que, quando a política monetária "produz uma taxa de juros real (ex-ante) aquém da taxa estrutural, ela provê estímulos para a atividade econômica e contribui para um aumento da inflação". "Como a taxa estrutural não é observável e a atividade econômica e a inflação dependem de diversos outros fatores, estimativas dessa taxa envolvem elevado grau de incerteza e são continuamente reavaliadas pelo Comitê", acrescentou o comitê. Nível adequado O Copom afirmou ainda, na ata, que avalia a cada reunião se a Selic está em nível adequado, "tendo em vista todos os fatores que influenciam a evolução das projeções e expectativas de inflação, do balanço de riscos e da atividade econômica". De acordo com o BC, isso envolve "avaliar se o grau de estímulo monetário está adequado". "Cabe destacar que a provisão de estímulo monetário requer ambiente com expectativas de inflação ancoradas", pontuou o colegiado. Parágrafo específico A ata desta terça trouxe ainda um parágrafo específico sobre a taxa estrutural, em que o Copom avalia seus condicionantes. De acordo com o colegiado, a taxa embute dois componentes: taxa estrutural livre de risco e prêmio de risco. "Reformas e outras mudanças no ambiente econômico podem afetar a taxa estrutural de maneiras distintas, dependendo de seus efeitos sobre esses dois componentes", registrou o BC no documento. "O componente livre de risco depende dos determinantes estruturais do consumo e poupança, de um lado, e do investimento, de outro. Por meio desse componente, fatores que aumentam de maneira persistente a disposição de investir pressionam a taxa de juros estrutural da economia para cima", disse o BC. A instituição ponderou, no entanto, que "esses mesmos fatores podem contribuir para redução da taxa estrutural por meio da queda do prêmio de risco se implicarem aumento do potencial de crescimento da economia e, portanto, maior sustentabilidade da política fiscal".