Economia

''Carnes fakes'': indústrias de alimento apostam na onda vegana

Subway e Burger King lançam carnes alternativas que, segundo as empresas, têm sabor idêntico às originais. Onda vegana está transformando o setor e oferece novas oportunidades de negócios

Jaqueline Mendes
postado em 08/08/2019 06:00
Subway e Burger King lançam carnes alternativas que, segundo as empresas, têm sabor idêntico às originais. Onda vegana está transformando o setor e oferece novas oportunidades de negóciosSão Paulo ; Poucos setores estão passando por uma transformação tão veloz quanto a indústria de alimentos. O aumento da obesidade da população mundial, a crescente preocupação com a saúde e os debates a respeito do direito à vida dos animais têm levado uma legião de pessoas do mundo inteiro a deixar de comer carne.

Isso não é exatamente novo. O que chama a atenção agora ; e é aí que está a grande mudança ; está associado a uma inovação: gigantes da área de alimentos estão investindo na chamada ;carne fake;, como são chamados os produtos que imitam, com alto grau de precisão, o sabor original da proteína, mas sem conter um único elemento animal em seu processo produtivo.

Depois de empresas como Burger King, McDonald;s e Marfrig anunciarem recentemente projetos nessa área, nesta quarta-feira (7/8) foi a vez de a rede de lanchonetes Subway apresentar seu projeto. A partir de setembro, o Subway vai testar um sanduíche feito com ;almôndegas vegetais; em suas 685 unidades nos Estados Unidos e no Canadá, os principais mercados da empresa.
Se a iniciativa for bem-sucedida ; e tudo indica que será, diante dos resultados positivos obtidos pelos concorrentes ;, a ideia é levá-la para outros mercados, inclusive para o Brasil, ainda em 2019, ou no máximo até o primeiro trimestre do ano que vem.

O hambúrguer vegano do Subway foi desenvolvido em parceria com a startup americana Beyond Meat, umas das referências mundiais na produção de ;carnes fakes;. Atualmente, os produtos da Beyond Metat são usados nos tacos do restaurante Del Taco, nos hambúrgueres da rede Carl;s Jr;s e em cadeias como Dunkin e Tim Hortons.

Em todos esses casos, a performance de vendas dos alimentos veganos da Beyond Meat justificou os altos investimentos feitos pelas empresas para contar com a inovação. Por enquanto, estima-se que o desenvolvimento das ;carnes fakes; custe 20% a mais do que seu equivalente animal, mas essa diferença vem sendo reduzida ao longo dos anos. Em 2017, para se ter uma ideia, o percentual era de 50%.

;Não vai demorar para que esses custos sejam idênticos;, diz Eduardo Tancinsky, consultor especializado em marcas. ;Quando isso ocorrer, a carne fake tende a ser um sucesso estrondoso. A questão do respeito aos animais é muito importante para os jovens, e a nova geração é que vai ditar como será o futuro da indústria.;

A Beyond Meat tem alcançado ótimos resultados financeiros. No primeiro trimestre de 2019, suas receitas triplicaram em relação ao mesmo período do ano anterior. Nesta quarta-feira (7/8), suas ações estavam sendo negociadas a US$ 165, levando o valor de mercado da empresa para cerca de US$ 10 bilhões. Desde a primeira oferta de ações, em maio, os papéis da Beyond Meat valorizaram 550%.

Tendência

O Burger King é outro gigante que está à frente desse processo. Hoje, a rede, uma das maiores vendedoras de hambúrgueres do mundo, estreia no cardápio de todas as lojas dos Estados Unidos o ;Impossible Whopper;, hambúrguer vegetal feito pela empresa em parceria com a startup Impossible Foods. O McDonald;s também aposta na tendência e planeja oferecer no futuro próximo uma variedade de opções veganas. Em Israel, já é vendida uma versão do Big Mac que não traz nenhum ingrediente de origem animal.

As carnes veganas vieram para ficar. No ano passado, as vendas nos Estados Unidos cresceram 11%, segundo dados divulgados recentemente pela Plant Based Foods Association. Também nos Estados Unidos, 25% das pessoas entre 25 e 34 anos são veganas. Há uma década, o índice era de 8%. No Brasil, segundo pesquisa do Ibope, 14% da população se declara vegana.

Há muitos indicadores positivos. Uma projeção feita pelo banco Barclays concluiu que o setor tem potencial para movimentar US$ 140 bilhões na próxima década, ou 10 vezes mais do que agora.

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