Agência Estado
postado em 08/08/2019 11:19
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 8, durante BTG Macroday que a aprovação da reforma da Previdência abre espaço para que medidas "market friendly" sejam tomadas. "O jogo começou agora", disse, citando que, apesar de outras reformas serem necessárias, a "Previdência é a mãe de todas as reformas".
Campos Neto disse que o governo adotou a estratégia de começar a tramitar a medida mais difícil. E emendou que os próximos passos, como medidas microeconômicas, têm menos resistência.
O presidente do BC destacou ainda que as revisões de crescimento feitas pelo Brasil nos últimos meses estão em linha com as reprecificações feitas em outros países da América Latina, entre 0,7% e 0,8%. "Mas, se o Brasil é um país relativamente fechado, porque é equivalente? Tem um componente global acontecendo que é a queda de investimento", apontou.
Juros
O presidente do BC afirmou que o "cenário que estamos tendo agora permite juros baixos em grande parte do mundo", o que é positivo para os emergentes, pois pode gerar fluxos internacionais de recursos para a região, com os investidores em busca de maior retorno. Ao mesmo tempo, o dirigente observou que os fluxos não estão indo com tanta intensidade para esta região. "Há liquidez, mas esta liquidez está bastante seletiva."
"Não dá para ficar sentado e esperar que os juros baixos no mundo vão nos beneficiar", disse ele, destacando que os países que fizeram "o dever de casa" é que estão se beneficiando neste momento da maior liquidez internacional por conta ds redução das taxas e a busca por retorno.
Perguntado pelo presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, sobre a piora recente do cenário externo, que para o executivo é um dos fatores que tem permitido juros baixos no Brasil, Campos Neto disse que primeiro é preciso ver se esse aumento da volatilidade é temporário ou veio para ficar.
Hedge
Campos Neto explicou que a decisão da autoridade monetária por desenvolver um projeto de hedge cambial para grandes obras de infraestrutura se deu após o governo perceber que grandes fundos de investimento não estavam sendo atraídos para o Brasil.
"Vi fundos que estavam no México, no Chile e não no Brasil", apontou, completando: "Quando você entra no país em projetos de infraestrutura em longo prazo, se você não consegue fazer hedge, tem um espaço muito limitado para ter exposição ao risco", disse.
Mais cedo, durante evento realizado pelo BTG Pactual, Campos Neto disse que há uma proposta, que será anunciada em breve, para garantir que grandes projetos de infraestrutura fiquem protegidos de oscilações do câmbio durante o tempo da obra. Assim, segundo ele, a ideia é garantir uma estrutura em que a oscilação só é arcada pela empresa no fim.