Agência Estado
postado em 09/08/2019 09:52
O dólar opera em alta no mercado doméstico com a retomada da cautela no exterior, após as quedas de ontem nesses dois mercados diante da trégua na tensão com a guerra comercial entre Estados Unidos e China. No Brasil, o volume de serviços prestados recuou 1,0% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços. O resultado veio pior que a estimativa mais pessimista dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam desde uma queda de 0,80% a um avanço de 0,70%, com mediana negativa de 0,20%.
O investidor ajusta posições nesta manhã, depois de um desmonte parcial na véspera, enquanto aguarda a agenda do Congresso da próxima semana. Na Câmara, deverá começar a tramitação do projeto de lei de reforma da Previdência para militares e a discussão da reforma tributária poderá avançar, uma vez que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende anunciar um projeto do governo.
O Broadcast apurou que o governo estuda corrigir a faixa inferior de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (hoje, em R$ 1.903,98 mensais) pela inflação, além de promover um corte linear nas alíquotas de todas as faixas de renda a fim de compensar o fim de deduções de gastos com saúde e educação no Imposto de Renda. Além disso, o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, disse ontem que um imposto sobre pagamentos será proposto ainda para compensar a desoneração da folha de pagamentos. Segundo ele, é "da mesma espécie" da extinta CPMF. Guedes disse que o governo estuda utilizar esse imposto sobre transações financeiras e pagamentos para financiar ainda a transição da capitalização na Previdência. Cintra sinalizou ainda que poderá voltar a discutir a tributação de dividendos.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que vai trabalhar pela reforma tributária da mesma maneira que trabalhou para a aprovação da Previdência e que a tramitação na Casa pode durar "talvez um pouco menos" do que as medidas da Previdência, aprovadas em segundo turno na última quarta-feira. Maia também fez várias críticas ao presidente Jair Bolsonaro. "É o que temos até 2022", afirmou. "Não podíamos esperar que Bolsonaro não vocalizasse o que ele diz, nunca enganou ninguém", disse.
No mercado internacional, a libra esterlina vem ampliando perdas desde o fim da madrugada desta sexta-feira, quando foram divulgados números mais fracos do que se previa do PIB do segundo trimestre e de produção industrial do Reino Unido, ajudando a Bolsa de Londres a ensaiar uma recuperação. No segundo trimestre, o PIB britânico encolheu 0,2% antes os três meses anteriores, contrariando previsão de estabilidade. Já a produção industrial do Reino Unido caiu 0,1% em junho ante maio, enquanto analistas previam alta de 0,4%. Investidores monitoram a crise política na Itália, que pode levar ao rompimento da coalização de governo entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga, e também relatos de que a Casa Branca tem adiado uma decisão sobre a concessão de licenças para empresas americanas retomarem negócios com a gigante de tecnologia Huawei, após o governo chinês suspender compras de produtos agrícolas americanos.
Às 9h28, o dólar à vista subia 0,19%, aos R$ 3,9351. O dólar futuro para setembro avançava 0,38%, aos R$ 3,9420.
Há pouco, as moedas não mostraram reação aparente ao anúncio da inflação ao produtor dos Estados Unidos, que subiu 0,2% em julho ante junho, como previsto. Já o núcleo do PPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, caiu 0,1% em julho ante julho, contrariando projeção do mercado de leve alta de 0,1%. Na comparação anual de julho, o PPI cheio e seu núcleo tiveram altas idênticas de 1,7%.