Agência Estado
postado em 09/08/2019 18:09
O dólar acumulou alta de 1,26% nos últimos cinco dias, marcando a quarta semana consecutiva de valorização, de 4,09%. O movimento tem sido puxado principalmente pelo noticiário externo, sobretudo a intensificação da tensão comercial dos Estados Unidos com a China, que tem feito investidores fugirem de ativos de risco, vendendo moedas de emergentes, e buscarem proteção no dólar. No mês, o dólar já tem alta de 3,2% no mercado à vista, subindo em cinco dos sete pregões até agora. Na sessão desta sexta, a moeda americana terminou cotada em R$ 3,9405 (+0,33%).
A tensão comercial entre Pequim e Washington deve se intensificar antes de melhorar, avalia nesta sexta-feira o banco norte-americano JPMorgan. Os estrategistas da casa recomendam posição abaixo da média de mercado ("underweigth") em moedas de emergentes, que tendem a se enfraquecer neste ambiente de aumentos de risco e de incerteza na economia mundial.
"A tensão comercial deve prosseguir e provocar ondas de volatilidade nos mercados de moedas nas próximas semanas", avalia ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o estrategista de moedas em Nova York do banco BBVA, Alejandro Cuadrado. Para ele, é difícil neste momento o dólar voltar a patamares vistos em julho, quando recuou ao nível de R$ 3,70.
Apesar do cenário externo mais desafiador, o executivo do BBVA avalia que há razões para ficar otimista com o real, principalmente na comparação com outros pares da moeda. Entre as razões, ele menciona a expectativa de mais cortes de juros nos Estados Unidos e avanços da agenda econômica com a aprovação da Previdência em segundo turno na Câmara.
Nesta sexta o Itaú e Bradesco mantiveram suas projeções para o dólar no final do ano em R$ 3,80. Mas os economistas do Itaú veem o dólar a R$ 4,00 no final de 2020, por conta do "ambiente global mais desfavorável". Já o Bradesco avalia como "transitórios" os efeitos do quadro externo no câmbio e estima que o dólar deve seguir no nível de R$ 3,80 ao final do ano que vem.
O Itaú ressalta que a desaceleração econômica global reduz o apetite ao risco dos investidores, pressionando os prêmios de risco em economias emergentes. O Credit Default Swap (CDS) do Brasil chegou a encostar em 145 pontos no começo da semana, mas nesta sexta operava em queda, em 129 pontos, de acordo com cotações da IHS Markit. "O CDS avançou, mas permanece em patamar baixo, refletindo a expectativa da continuidade da agenda de reformas", observa o Itaú.