postado em 10/08/2019 04:05
Engana-se quem pensa que os problemas em decorrência da falta de uma alimentação saudável só começam na velhice. O número de crianças com problemas de saúde, como colesterol alto, é prova contrária disso. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelaram que cerca de 40% dos brasileiros têm colesterol acima do normal. Em crianças, o problema tem se tornado constante, já que os alimentos ultraprocessados ganharam lugar na alimentação dos pequenos. Para tratar sobre o tema, o Correio Braziliense promove, na próxima quarta-feira, o seminário Os desafios da alimentação saudável no Brasil com especialistas do setor.
De acordo com a nutricionista Deborah Côrte, 36 anos, o comum é ter disfunções nas taxas de colesterol na velhice, período da vida no qual ocorre uma desregulação das taxas. No entanto, o modo de se alimentar dos últimos anos tem influenciado até mesmo a saúde dos mais novos. ;Hoje é assustador o número de crianças que recebo no meu consultório com colesterol e glicose altos. É um problema que aumentou nos últimos anos;, afirma. Para ela, a alimentação industrializada, rica em alimentos ultraprocessados, é vendida como fácil e prática, no entanto, acarreta diversos problemas.
Deborah acredita que a alimentação rica em gorduras, por exemplo, a trans, somada à falta de atividade física é um dos principais motivos para o aumento das taxas nos exames infantis. A especialista explica que a solução do problema do colesterol infantil passa pela educação dos pais e da família como um todo. ;A criança não tira do bolso dela para comprar as porcarias. As crianças só conhecem porque os pais oferecem. É um atendimento com a família toda, porque os pais têm que enxergar que comer melhor não é uma punição para o filho;, pondera.
Patrícia Novais, 51, descobriu, em fevereiro, que o filho Felipe Facundes de Novais, 6, tem colesterol alto. As altas taxas foram comparadas com as de um adulto, fato que assustou ainda mais a família. ;Ele nunca comeu muito errado. Uma vez ou outra, em festas de aniversário, por exemplo, mas isso teve que mudar a alimentação da casa como um todo;, explica.
Dieta
A pediatra de Felipe pediu para que ele fizesse uma dieta para reduzir as taxas. ;Com criança é complicado. A gente tenta descobrir alimentos que sejam saborosos e que tenham baixa gordura. Ele passou a comer biscoito de arroz, castanhas, arroz integral e mais frutas;, conta.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é um dos órgãos públicos que trabalham com ações para incentivar a ingestão de produtos mais saudáveis. A reguladora tem algumas propostas em consulta que visam ajudar a população a comer de forma mais saudável. A gordura trans, por exemplo, está na mira da agência. O tema é pauta da consulta pública n; 681/2019, editada na última segunda. A proposta trata dos requisitos para utilização de gorduras trans industriais em alimentos e tem como objetivo restringir o uso da substância na indústria de alimentos.
- Programe-se
Correio Debate: Os desafios da alimentação saudável no Brasil
Quando: 14 de agosto (quarta-feira)
Onde: auditório do Correio Braziliense
Horário: das 8h às 12h
Inscrições: gratuitas pelo site www.correiobraziliense.com.br/correiodebate/alimentacaosaudavel/
Vagas limitadas
Participantes
; William Dip, diretor-presidente da Anvisa
; Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde
; Boyd Swinburn, professor da Universidade de Auckland
; Maria Edna de Melo, chefe da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
; Carlos Monteiro, professor titular da USP e Coordenador do Nupens
; Ana Paula Bortoletto, líder do programa de alimentação saudável do Idec
; Cristina Albuquerque, chefe da Área de Saúde e HIV/Aids do Unicef
; Sandra Lengruber, presidente da Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCon)
; Paula Belmonte, deputada federal