postado em 11/08/2019 04:05
O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que a privatização dos Correios, em estudo pelo governo, ;não é fácil;, e reconheceu que uma decisão sobre o assunto depende do Poder Legislativo. Sentença recente do Supremo Tribunal Federal (STF), lembrou o chefe do Executivo, determinou que a venda de estatais criadas por lei, como os Correios, precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional. Além disso, segundo a Constituição, os serviços postais são monopólio do Estado.
Falando à imprensa diante do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse não saber se os Correios poderiam ser privatizados ainda em seu governo. ;Não sei como responder. As coisas não dependem de mim. Ainda bem que dependem de outras pessoas, às vezes você erra;, afirmou.
O presidente da empresa, Floriano Peixoto, que acompanhava o presidente, afirmou que está empenhado em recuperar a empresa. ;A missão que recebi do presidente da República é a de recuperar financeiramente os Correios, que estão em situação muito difícil;, disse Peixoto.
A dificuldade de encaminhar a venda da estatal ficou evidente na semana passada, quando Bolsonaro e o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, deram declarações desencontradas sobre o assunto. Na última terça-feira, em evento em São Paulo, o presidente disse que o governo vai vender a companhia para a iniciativa privada. Pouco depois, em audiência numa comissão da Câmara, Pontes afirmou não haver ;nenhum procedimento de desestatização ou privatização; da empresa pública.
Sindicalista
O assunto tem sido motivo de polêmica, até gerado crises, na gestão Bolsonaro. Primeiro presidente da estatal no atual governo, o general Juarez Aparecido de Paula Cunha foi demitido pelo presidente da República, que o acusou de ter agido ;como sindicalista; numa visita ao Congresso, quando criticou a eventual privatização e posou para fotos ao lado de parlamentares do PT e do Psol.
Diante da dificuldade de encaminhar a venda dos Correios, técnicos do governo têm sugerido a realização de parcerias entre a estatal e a iniciativa privada em determinadas atividades. Seria uma forma de aumentar a eficiência e reduzir os custos da empresa pública, que, com mais de 100 mil funcionários, acumula uma grande dívida com o fundo de pensão dos empregados, o Postalis, que está sob intervenção há mais de dois anos.