Economia

Walmart muda de nome no Brasil

Lojas da rede americana passarão a se chamar Grupo Big. Nova estratégia prevê investimentos de R$ 1,2 bilhão e ampliação dos negócios no setor de atacarejo, que cresceu em meio à crise

postado em 13/08/2019 04:05
Empresa é um misto de atacado e varejo, com proposta de vender alimentos, itens de higiene e limpeza a preços mais baixos
São Paulo ; Nos últimos meses, muito se especulou a respeito do futuro do Walmart no Brasil. Desde que, há pouco mais de um ano, a empresa de investimentos Advent International anunciou a compra de 80% das operações brasileiras da rede americana, uma série de boatos dominou os debates entre os especialistas, desde uma possível entrada da Amazon no negócio até a transformação por completo das lojas existentes no país.

Ontem, o Walmart enfim anunciou o que fará de sua operação no Brasil. A primeira mudança será o nome da marca, que passará a ser chamada de Grupo Big. A segundo envolve a adoção de um novo modelo de negócios, mais focado no que o mercado chama de atacarejo, setor que mistura atacado com varejo e tem a proposta de vender principalmente alimentos e itens de higiene e limpeza a preços mais baixos do que os encontrados nos hipermercados e supermercados.

A companhia prevê investimentos de R$ 1,2 bilhão nos próximos 18 meses para modernização e ampliação de suas lojas, de forma que elas possam competir no mercado de atacarejo. Os números explicam a nova estratégia. De acordo com pesquisa da consultoria Nielsen, 60% dos lares do país são abastecidos por produtos comprados nos atacarejos. Esse movimento levou a um aumento consistente das vendas, que subiram 12,8% no ano passado, um desempenho expressivo diante do crescimento modesto da economia.

O agora Grupo Big conta atualmente com 550 lojas e 50 mil funcionários em 18 estados brasileiros, além do Distrito Federal. A companhia afirma ser o terceiro maior conglomerado de varejo alimentar do Brasil. ;As lojas de hipermercado Walmart nas regiões Sul e Sudeste passarão a se chamar Big, enquanto no Nordeste, todos os hipermercados serão Big Bompreço;, afirmou a companhia em comunicado à imprensa. ;Até junho de 2020, a expectativa é concluir a reforma de 100 hipermercados;, concluiu a empresa.

Segundo o mesmo comunicado, a bandeira Sam;s Club terá 10 novas lojas em um período de um ano, sendo que a primeira deverá ser inaugurada nas próximas semanas. Outras três serão abertas até o fim de 2019. ;Esse movimento faz parte do projeto de conversão de hipermercados em Maxxi Atacado e Sam;s Club;, informou o grupo.

A mudança de nome não deixa de ser curiosa. O Walmart é a maior rede varejista do mundo, líder com folga do mercado americano ; o maior do planeta ; e uma das empresas mais bem-sucedidas da história. A inclusão de uma nova marca se deve a razões econômicas. Apenas pelo uso do nome, a empresa precisa pagar royalties mensais aos americanos, donos da marca Walmart, de 0,7% das vendas. Com a mudança, essa obrigação é anulada.

;A nova estratégia vem em boa hora;, diz Eduardo Tancinsky, consultor especializado em marcas. ;O Brasil vive um período de arrumação da casa que deverá culminar em crescimento sólido no futuro próximo. Tudo indica que o consumo voltará com força, beneficiando principalmente grandes redes varejistas;.

Surgido em 1995, o Grupo Big está consolidado no mercado brasileiro. O grupo tem oito bandeiras, entre hipermercados (Big e Big Bompreço), supermercados (Super Bom Preço e Nacional), atacado (Maxxi Atacado), clube de compras (Sam;s Clube) e lojas de vizinhança (TodoDia). O Grupo Big é o terceiro maior conglomerado de varejo alimentar do Brasil.

O Walmart jamais decolou no Brasil. Apesar do sucesso global, nunca conseguiu passar do terceiro lugar no ranking do varejo brasileiro. Nas duas últimas décadas, a operação da rede no país ficou marcada pelo fechamento de lojas, trocas de presidentes e prejuízos constantes.

Até episódios de corrupção foram registrados. Em junho passado, o Walmart fechou acordo com autoridades nos Estados Unidos para encerrar uma investigação sobre práticas de corrupção fora do país. A empresa pagou US$ 282 milhões em multas por não ter agido para evitar a prática de atos ilícitos no Brasil, México, Índia e China. No Brasil, o Walmart informou ao Departamento de Justiça americano ter feito pagamentos indevidos a servidores do governo como contrapartida para facilitar a construção de lojas.



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