Agência Estado
postado em 14/08/2019 18:10
O Índice Bovespa foi fortemente contaminado pela aversão ao risco no mercado internacional e fechou em queda de 2,94% nesta quarta-feira, aos 100.258,01 pontos, depois de ter registrado mínima em 99.954,75 (-3,24%). No radar do investidor estiveram os dados fracos da economia chinesa e de países da Europa, além da inversão da curva de juros nos Estados Unidos, um indicador de risco de recessão. A crise na Argentina também compôs o cenário de preocupações, uma vez que o banco central local continua a ter de promover leilões de títulos e de dólares, na tentativa de conter a volatilidade dos seus ativos.
Das 66 ações que compõem a carteira teórica do índice, nenhuma fechou em alta, nem mesmo as exportadoras, que em tese são beneficiadas pela alta do dólar. As bolsas de Nova York tiveram perdas da ordem de 3% e foram importante referência para os negócios no Brasil, assim como os preços do petróleo, que chegaram a registrar queda de até 5%. Nesse ambiente de temor de desaceleração global, as ações da Petrobras, Vale e siderúrgicas registraram as maiores baixas entre as blue chips. Petrobras ON e PN perderam 3,08% e 3,37%, enquanto Vale ON caiu 3,48%.
Enquanto perdurar as incertezas em relação à guerra comercial entre Estados Unidos e China, não há esperança de redução significativa da volatilidade nos mercados de ações. Segundo Shin Lai, estrategista e analista da Upside Investor, esse ambiente tende a manter a sensibilidade das ações de empresas com atividade internacional, como as de materiais básicos, já bastante castigadas neste ano. Em contrapartida, diz, a expectativa de que o governo conseguirá promover uma recuperação econômica mantém a perspectiva mais positiva para papéis ligados a consumo. Apesar do contágio da crise da Argentina nesta semana, o analista descarta um efeito maior.
"O investidor mostra alguma ansiedade ao se perguntar se a gestão liberal que não deu certo na Argentina também será mal sucedida no Brasil, mas a verdade é que estruturalmente os dois países são diametralmente opostos. Além disso, enquanto o presidente argentino não conseguiu aprovar nenhuma reforma, as coisas estão caminhando no Brasil", afirma.
Na opinião dele, são justamente esses avanços que podem minimizar efeitos de uma crise global no Brasil. "Olhando a perspectiva do Brasil, há no pipeline questões muito positivas, como a reforma da Previdência e as discussões para a reforma tributária. Do lado macroeconômico, há respostas que fazem com que o Brasil possa andar com as próprias pernas.
Na análise por índices setoriais da B3, a maior queda do dia foi do indicador de materiais básicos (IMAT), com -3,38%. Já o índice de energia elétrica (IEEX) teve a menor variação negativa, com -2,27%.