postado em 19/08/2019 04:27
Um consenso entre os analistas é que, neste ano, a economia está em desaceleração. Tanto que o Brasil deve crescer menos do que a taxa de 1,1% registrada em 2017 e em 2018. As projeções do Boletim Focus, do Banco Central, indicam que a alta do PIB será de 0,8%, já com os impactos dos saques do FGTS. Esse quadro é resultado, principalmente da falta de confiança para a retomada dos investimentos e do consumo, segundo especialistas.O economista Rafael Cardoso, do Banco Daycoval, destaca que um conjunto de fatores explicam a atividade fraca. Para ele, a crise brasileira não foi só nas contas públicas, mas também no setor privado. Faltam confiança para investir e demanda para o consumo, que não ocorre em razão do grande endividamento das famílias e do desemprego elevado.
Mesmo com a aprovação da reforma da Previdência, o governo e o Congresso precisam mostrar que haverá medidas adicionais para estimular a economia. ;A capacidade ociosa ainda é gigantesca. O investimento não vai vir de indústria, mas de concessões, privatizações e parcerias público-privadas;, declara Cardoso.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, já defendeu que pretende dar celeridade às desestatizações, mas o plano ainda não saiu do papel. O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, ressalta que os dados de atividade são frustrantes e não descarta a possibilidade de o país ter um PIB com desempenho perto de zero em 2019. ;Estamos andando de lado ainda. Não conseguimos ver nada que dê um ânimo adicional. Julho foi um mês fraco e, o que temos de agosto, não é entusiasmante. Vamos ter um terceiro trimestre ainda lento;, declara. Na avaliação dele, apenas a reforma da Previdência não atrairá investimento.
Os analistas não escondem o descontentamento com o fato de o presidente Jair Bolsonaro se preocupar, muitas vezes, com a agenda de costumes, deixando menos espaço para a discussão sobre retomada da economia. Isso tem refletido nas expectativas também dos consumidores, acrescentam. Luís Bento, analista da Rio Bravo, afirma que o governo, nos próximos meses, precisa apresentar uma série de medidas para ter impacto no curto prazo e conter os gastos. (HF)