postado em 19/08/2019 04:27
São Paulo ; Os supermercados ainda têm dificuldades em lidar com o problema do consumo de sacolas de plástico. Nos últimos anos, muitos países têm escolhido o caminho da proibição para reduzir o uso da embalagem e, assim, minimizar os efeitos do seu descarte nos oceanos. Apesar da medida, a quantidade de lixo produzida é grande e os varejistas seguem em busca de alternativas para encorajar seus clientes a levar outros tipos de bolsa na hora das compras.
O Carrefour da Espanha lançou, recentemente, um tipo de saco de malha feito com 100% de fibra de algodão. O pacote com três unidades sai por 3,99 euros (cerca de R$ 17,80) e o produto, lavável e reutilizável, é vendido nas lojas. As embalagens, que são com tramas largas, servem para, por exemplo, colocar frutas e legumes para que sejam pesadas no caixa. Assim, evita-se o uso dos saquinhos pequenos que, normalmente, pelo tamanho e pouca resistência, não são reaproveitados nem como saco de lixo.
A cadeia francesa de supermercados tem incentivado também que os consumidores levem de casa seus recipientes para as compras nos açougues, peixarias, quitandas e delicatessens. Na Espanha, o Carrefour conta com 205 hipermercados, 100 supermercados com a bandeira Carrefour Market e cerca de 770 unidades do Express, além de 23 com a marca Superco e a operação de comércio eletrônico.
Azeitona no vidro
A adoção de sacos de algodão no setor de frutas faz parte de um programa da companhia de eliminar o uso de plástico. Antes, a empresa já havia anunciado a remoção de plástico na seção de frutas e vegetais de suas lojas BIO ou a substituição de plástico por papelão ou celulose nos pacotes de maçãs, peras e laranjas.
Outra iniciativa foi o uso de frascos de vidro no lugar do plástico para a venda de azeitonas e de picles. As bananas, importadas das Ilhas Canárias, deixaram de ser embaladas em plástico e passaram a ser vendidas em uma espécie de cinta que as mantém agrupadas. No caso dessa fruta, a redução do uso de plástico, segundo a empresa, chegou a 80%.
No Brasil, o Grupo Carrefour também vem adotando algumas medidas para reduzir o impacto de suas operações. Até o fim do ano, a companhia se comprometeu a priorizar o uso de materiais recicláveis e biodegradáveis nos produtos orgânicos. Com isso, a expectativa da empresa é deixar de usar 51 milhões de bandejas de isopor em um período de 12 meses.
Mais recentemente, a companhia adotou por aqui embalagens de papelão ondulado para os produtos orgânicos, além de folhas de papel e de plástico de polietileno (material reciclável e apto para ser separado junto à coleta seletiva) para frios e queijos fatiados, copos, canudos e mexedores feitos com papel e madeira para as cafeterias e caixas de papelão para os produtos comprados na loja on-line. A empresa diz incentivar que seus clientes levem sacolas retornáveis e os próprios recipientes para compras de frutas secas a granel.
Já o GPA, dono das bandeiras Pão de Açúcar e Extra, anunciou em abril a substituição de 100% das bandejas de isopor utilizadas em produtos hortifrúti das marcas próprias Taeq e Qualitá para uma solução 100% biodegradável. A mudança será concluída em um ano.
A nova embalagem é desenvolvida com caixas de celulose e amido, sem matéria-prima petroquímica e 100% biodegradável depois de seis meses do descarte. As bandejas estão entrando no lugar dos acessórios de isopor, de PVC, de PET e outros plásticos. Por mês, 600 mil bandejas desses materiais eram usadas pelas marcas Taeq e Qualitá em todo o país, ou 7,2 milhões no ano.
Os ovos dessas duas marcas também passaram a adotar a embalagem de caixa de celulose com amido e a substituição completa acontecerá em até dois anos. Assim como o Carrefour faz na Espanha, o GPA decidiu trocar as bandejas de isopor das bananas por uma cinta.
Apesar de movimentos como esses, ainda há muitos varejistas que seguem o modelo antigo de geração de resíduos em suas lojas. Por exemplo, ao embalar frutas e legumes assim que o consumidor faz a pesagem, mesmo que seja uma única unidade. Outros vendem esses alimentos já embalados individualmente. É o caso do pimentão e de alguns tipos tomates.
Além da mudança do varejo, os consumidores também têm muito a avançar. Dados divulgados pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) mostram que o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo. Perde apenas para os Estados Unidos, a China e a Índia. Do total produzido, a reciclagem chega a apenas 1,2%, ou cerca de 145 mil toneladas.
Lixo
O tamanho do problema no Brasil
11.355.220 milhões de toneladas
Lixo plástico produzido por ano
1 kg
Lixo plástico produzido por brasileiro por semana
145.043 toneladas
Volume de lixo plástico reciclado
2,4 milhões de toneladas
Volume de plástico descartado de maneira irregular
7,7 milhões de toneladas
Plástico descartado em aterros sanitários
cerca de 1 milhão de toneladas
Plástico não recolhido: cerca de 1 milhão de toneladas
Fonte: WWF/2019