Jornal Correio Braziliense

Economia

Ibovespa fecha em baixa de 0,34%, na contramão dos ganhos em NY

Com sinais de migração de recursos para ativos mais conservadores, o Índice Bovespa não conseguiu acompanhar o bom desempenho das bolsas de Nova York e fechou em baixa de 0,34% nesta segunda-feira, aos 99.468,67 pontos. Pela manhã, o índice havia chegado a subir 1,14%. A alta de 1,58% do dólar foi um dos principais sintomas da fuga de recursos externos no pregão. Apesar da melhora na percepção de risco para a economia global, o investidor manteve a cautela nos mercados emergentes e o real foi a moeda que mais se desvalorizou ante o dólar. "Há muitas coisas que afetam os mercados emergentes acontecendo ao mesmo tempo. A Argentina é um desses fatores, pois o país está lotado de problemas, mas não tem liquidez, o que acaba por afetar o Brasil", disse Alvaro Bandeira, economista da Modalmais. Mesmo com os mercados argentinos fechados, os ADRs (American Depositary Receipts) da Argentina registraram fortes perdas na Nasdaq. No final de semana, o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, pediu demissão do cargo. Já o candidato kichnerista Alberto Fernández, que lidera as intenções de voto no país, disse que o acordo firmado pelo atual governo para pagamento de dívidas junto ao FMI é impossível de ser cumprido. Ao final da tarde, o ADR da Telecom Argentina caía mais de 7%. Para o analista Victor Beyruti, da Guide Investimentos, os sinais de que a economia dos Estados Unidos segue robusta e que as relações com a China podem melhorar vêm reforçando o papel de "porto seguro" do dólar perante ativos de maior risco. Não à toa que o noticiário positivo da manhã levou o dólar a se fortalecer ante moedas fortes e emergentes. "Esse dólar bastante forte lá fora indica que há aversão ao risco, uma vez que o investidor vê robustez na economia americana e grande incerteza nas demais", afirma. Além disso, ressalta o analista, o cenário doméstico brasileiro não tem um "driver" que faça o investidor olhar para o Brasil com "mais carinho". Toda a agitação dos últimos dias com o noticiário envolvendo guerra comercial entre Estados Unidos e China e indicadores econômicos fracos na Europa vem castigando principalmente as ações do setor de materiais básicos. Nesta segunda a alta dos preços do petróleo favoreceu a recuperação das ações da Petrobras, que subiram 0,50% (PN) e 1,36% (ON). No acumulado de agosto, no entanto, elas contabilizam perdas superiores a 6%.