Agência Estado
postado em 20/08/2019 18:07
O dólar voltou a fechar em queda nesta terça-feira, após subir em nove dos 14 pregões deste mês, acumulando valorização de 6,05% em agosto. O real acompanhou o enfraquecimento do dólar no mercado internacional, tanto perante divisas fortes, como em relação a emergentes, como o México, Colômbia e África do Sul. Medidas de estímulos de governos ao redor do mundo e a perspectiva de adoção de cortes de tributos pelos Estados Unidos ajudaram a acalmar os ânimos dos investidores, que aguardam o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no simpósio de Jackson Hole, na sexta-feira. O dólar à vista fechou em queda de 0,37%, a R$ 4,0510.
Além do simpósio, a semana ainda terá eventos com poder de impacto no mercado de moedas. Nesta quarta-feira sai a ata da última reunião de política monetária do Fed, às 15h. Os analistas do Bank of America Merrill Lynch acreditam que o documento soará "hawkish" (menos defensor de juros baixos), pois a reunião do Fed precedeu a piora dos mercados mundiais pela escalada da tensão comercial entre Estados Unidos e China. No Brasil, o Banco Central começa sua nova estratégia de intervenção no câmbio, oferecendo dólares das reservas internacionais em conjunto com venda de swap reverso (compra de dólares no mercado futuro) e swap tradicional (venda de dólares no mercado futuro).
Para o operador da Advanced Corretora Alessandro Faganello a ação do BC deve ter efeito no dólar nesta terça, mas o impacto pode ser limitado pela oferta do swap reverso. Para ele, o BC deveria ter anunciado sua estratégia de intervenção e iniciado as vendas no dia seguinte e não uma semana depois. Faganello ressalta que está saindo muito capital estrangeiro do País e a ação do BC é justificada, pois o mercado fica pressionado, mas o BC dá liquidez no mercado à vista e reduz no mercado futuro.
Ao mesmo tempo, o operador da Advanced observa que, com os problemas na Argentina não dando sinais de melhora e as dúvidas sobre os rumos da política monetária nos Estados Unidos, aumentou consideravelmente a incerteza e o mercado precisa de sinalização mais clara. Por isso, é crescente a expectativa com Jackson Hole. Se Powell sinalizar cortes mais intensos de juros, o mercado pode ter algum alívio, ressalta ele.
A agenda oficial de Jackson Hole será divulgada na noite de quinta-feira (22). O evento deve reunir os principais banqueiros centrais não só dos EUA, mas do mundo. Powell discursa na sexta-feira às 11 horas (de Brasília). Com os crescentes riscos de piora da atividade econômica mundial, os estrategistas do banco inglês Barclays esperam agora corte mais intenso de juros nos EUA, de 0,75 ponto porcentual até o final do ano.
O Morgan Stanley acredita que Powell vai reconhecer a piora dos riscos para a economia mundial em seu discurso, mas não deve se comprometer com a magnitude do corte de juros. "É prematuro esperar um sinal sobre o tamanho do corte do Fed em setembro", escrevem em relatório na tarde desta terça-feira.