Agência Estado
postado em 22/08/2019 18:13
O real foi novamente a moeda com pior desempenho ante o dólar, considerando uma cesta de 34 divisas, após dois dias seguidos de queda. No mercado financeiro internacional, o dia foi marcado por novos temores de piora da economia mundial e prudência antes do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, que será feito na manhã desta sexta-feira no evento de Jackson Hole. O dólar à vista terminou o dia em alta de 1,19%, cotado em R$ 4,0780, o maior valor desde 20 de maio, quando terminou em R$ 4,10.
O dólar operou praticamente toda a quinta-feira em alta e só chegou a cair pontualmente na hora em que o Banco Central ofertou US$ 550 milhões no mercado à vista, de dinheiro das reservas internacionais em conjunto com operação de swap reverso (compra de dólar no mercado futuro). Ao contrário de quarta, quando fez o primeiro leilão desta nova estratégia, os recursos foram totalmente tomados pelo mercado. Em seguida, logo após a operação, o dólar voltou a subir acompanhando o mercado externo.
"O Brasil tem muitas reservas e o Banco Central tem bastante munição para atuar", avalia o gerente de tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini, ressaltando que as altas sucessivas do dólar aqui justificam essa estratégia do BC. Só este mês, a moeda americana acumula alta de quase 7%. O dólar caminha para fechar a sexta semana consecutiva de valorização no Brasil.
Nesta sexta-feira o BC fará a terceira oferta de US$ 550 milhões, mas o foco principal do mercado vai ser o discurso de Powell, a partir das 11h (de Brasília). "Todos os olhares estão voltados para o evento", observa o analista do banco espanhol BBVA, Vitor Sun Zou. Ele ressalta que a queda dos índices dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos ligou novo sinal de alerta nos investidores sobre a desaceleração da economia mundial. O PMI industrial dos EUA teve em agosto o menor nível em 119 meses.
Os estrategistas do JPMorgan esperam que Powell ressalte em seu discurso os riscos de piora da atividade econômica e sinalize que a "porta está aberta" para cortes adicionais de juros nos Estados Unidos. Eles, porém, não esperam que o dirigente forneça sinalizações "explícitas" sobre o que o Fed fará na reunião de política monetária de setembro, mesmo com o presidente Donald Trump pedindo corte maior de juros. A expectativa pelo discurso de Powell aumentou após alguns dirigentes regionais do Fed, como o da Filadélfia, Patrick Harker, afirmarem esta semana que não veem necessidade de corte de juros agora. Para operadores de câmbio, uma sinalização mais clara de corte de juros nos EUA pode levar a moeda a cair abaixo de R$ 4.