Vera Batista
postado em 26/08/2019 12:38
As transações do Brasil com outros países tiveram resultado negativo para o país em todos os setores e mais que duplicou de junho para julho. De acordo com as estatísticas do balanço de pagamentos do Banco Central, o déficit em transações correntes (que envolve comércio, serviços, remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior) aumentou de US$ 4,4 bilhões para US$ 9 bilhões de um mês para o outro. Contribuíram para esse resultado a redução no saldo positivo da balança comercial de bens, de US$ 3,5 bilhões para US$ 1,6 bilhão, e as perdas em renda primária, de US$ 5,1 bilhões para US$ 7,9 bilhões. Nos 12 meses encerrados em julho de 2019, o buraco nas transações correntes saltou de US$ 19,8 bilhões (1,06% do PIB, soma das riquezas do país) para US$ 24,4 bilhões, correspondente a 1,31% PIB.
Houve piora, também, no estoque de reservas internacionais. Os ativos em moeda estrangeiras baixaram US$ 2,4 bilhões de junho para julho, ao atingir US$ 385,8 bilhões, correspondendo a 118,2% do estoque da dívida externa bruta. Esse recuo teve como causa principal, informa o BC, a concessão líquida de US$ 1,6 bilhão em operações de linha com recompra, e das variações por preços e paridades, com contribuições negativas de US$ 420 milhões e US$ 962 milhões, na ordem. A receita de juros contribuiu para elevar o estoque de reservas, US$ 659 milhões.
Importações e exportações
A prova de que o país enviou menos produtos para fora é que as exportações de bens totalizaram US$ 20 bilhões, em julho, recuo de 11,1% ante o julho de 2018. E as importações de bens caíram 2,9%, para US$ 18,4 bilhões. Muito por causa do Repetro (regime aduaneiro especial de exportação e de importação para atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural). Nesse caso, as importações de julho de 2019 foram estimadas em US$ 1,6 bilhão (contra US$ 3,3 bilhões em julho de 2018). Não foram identificadas exportação ao Repetro em julho de 2019 ; em julho de 2018, houve exportações no montante de US$ 1,2 bilhão.
Sem o Repetro, explica o BC, as importações teriam crescido 7,2%, e as exportações recuado 5,8%. No acumulado do ano, as exportações recuaram 4,7%, enquanto as importações aumentaram 0,4%, resultando em diminuição de 21,9% no saldo comercial, que atingiu US$ 24,4 bilhões. Na conta de serviços, a queda foi de US$ 3 bilhões no mês, 1,9% inferior ao resultado de julho de 2018, com destaque para o aumento nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$ 988 milhões para US$ 1,2 bilhão, e para a alta das receitas líquidas de outros serviços de negócio, de US$ 568 milhões para US$ 674 milhões.
Esse ligeiro recuo dos serviços foi responsável pela baixa de 3,3% no déficit acumulado do ano, até julho. Houve, também, em julho, uma baixa em renda primária de US$ 7,9 bilhões (demanda de investidores não residentes por ativos na economia brasileira em moeda nacional). No acumulado do ano, o déficit em renda primária totalizou US$ 28,9 bilhões, 14,4% maior que o ano anterior.
Investimentos diretos
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP), de acordo com o BC, somaram US$ 7,7 bilhões no mês, resultado de US$ 7,1 bilhões em participação no capital, e de US$ 572 milhões em operações intercompanhia. No acumulado do ano, o IDP somou US$ 45 bilhões, 17,1% superior aos US$ 38,4 bilhões no mesmo período em 2018. No acumulado em 12 meses até julho, os ingressos líquidos de IDP totalizaram US$ 94,9 bilhões, equivalentes a 5,09% do PIB (US$ 91,8 bilhões e 4,93% do PIB no acumulado em 12 meses até junho).