Economia

Nova plataforma de banco aproxima investimentos de pessoas com baixa renda

Pi, plataforma do Santander, lança modalidade que aproxima gestores de fortunas de quem tem poucos recursos

Paula Pacheco
postado em 27/08/2019 06:00
Pi, plataforma do Santander, lança modalidade que aproxima gestores de fortunas de quem tem poucos recursosSão Paulo ; Sempre houve uma grande distância entre produtos financeiros para quem tem muito dinheiro e aqueles de renda mais baixa. Enquanto aqueles com maior poder aquisitivo tinham à disposição os gestores de fortunas, com taxas de administração menores e resultados melhores, para quem tem pouco para aplicar as opções sempre foram restritas e com desempenhos mais conservadores.

Felipe Bottino, CEO da Pi, plataforma aberta de investimentos do Santander Brasil, viu aí uma oportunidade para crescer e está anunciando uma parceria com algumas gestoras de fortunas para que elas passem a trabalhar com quem quer se tornar investidor, mas não dispõe de muitos recursos. Bottino chama o movimento de democratização do mercado de investimentos. Os aportes podem ser feitos a partir de R$ 30.

Apesar de os valores dessa nova modalidade de investimento serem muito menores em relação ao que essas gestoras estão acostumadas a lidar, o CEO da fintech garante que as taxas e os resultados entregues, independentemente do volume do aporte, serão os mesmos. "Quero que o gestor faça o mesmo que faz com a carteira de grandes fortunas que ele já administra, seja um fundo de ações, seja multimercado. Nossa luta é para que não haja segmentação por faixa de renda. Entendo que deve existir uma carteira para o perfil de risco e o objetivo do investidor, não segundo a sua renda."

O CEO da fintech conta que a ideia surgiu quando viu que poderia haver um casamento de duas oportunidades. "Queríamos quem fizesse a gestão de carteira com excelência, sem conflito de interesses e com um bom embasamento técnico. Para esses familys offices, é a oportunidade de contar com a parte tecnológica, de forma a dar escala à gestão familiar no Brasil, explica Bottino.

Lançada em março, a Pi opera como um e-commerce de investimentos sem intermediários e todo o negócio é na nuvem. A meta de Bottino é chegar a 1 milhão de clientes em quatro anos de operação. O CEO acredita que o novo nicho tem potencial para responder por 25% do total de investidores. Para avançar no número de clientes, a fintech tem dedicado cerca de 70% dos investimentos em marketing digital e nas redes sociais.

A plataforma pode ser acessada pelo investidor de duas formas. Uma delas é por meio do autosserviço. Nela, o usuário entra no site e escolhe em qual produto que aplicar ou pode optar por carteiras de investimento prontas, selecionadas, que contam com instrutores para orientar sobre onde colocar o dinheiro.

Orientação

Com a entrada dos primeiros gestores de fortunas na Pi, o investidor de menor renda já pode contar, por meio do site, com a orientação desses profissionais para decidir onde colocar seu dinheiro. Para tornar os produtos mais atraentes e palatáveis, são usados exemplos para ilustrar qual é o objetivo do investimento, como juntar dinheiro para estudar ou fazer uma viagem.

Agora, fazem parte da nova modalidade da Pi os gestores Santander Private Banking, Vitreo, CA Indosuez Wealth Management e TAG Investimentos. Já está acertado que a Vinci e o Icatu Vanguarda também integrarão o sistema nas próximas semanas.

Bottino acredita que esse modelo de negócio terá chance de crescer no Brasil, por se posicionar com um tipo diferente de serviço no mercado financeiro. ;Após a democratização de produtos financeiros, a escolha de produtos passou a ficar comprometida. Hoje, estamos em um universo em que a recomendação de carteira é feita por intermediários que são remunerados, há um grande conflito de interesses. Agora, passamos a oferecer uma pessoa 100% especialista no assunto para assessorar quem precisa de suporte;, detalha.

O executivo lembra que, nos últimos anos, o número de assessores financeiros tem crescido de forma exponencial. Em muitos casos, são ex-gerentes de bancos que passam a executar essa atividade. ;No caso das family offices, seus profissionais fazem isso a vida inteira, com excelência. Por isso, tenho a convicção de que nosso modelo vai ser replicado, porque é o melhor para o cliente. Mas acredito que todos os modelos vão coexistir, o modelo bancário e o de agente autônomo não vão acabar. Estamos criando um novo mercado;, analisa.

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