Economia

Raul Velloso defende investimento público

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 28/08/2019 04:05
Para economista, é preciso conter gasto corrente para redirecionar recursos

Para o economista e ex-secretário de Assuntos Econômicos do antigo Ministério do Planejamento Raul Velloso, o Brasil precisa de uma ;retomada nos investimentos; para voltar a crescer. Em entrevista ao CB Poder, programa do Correio em parceria com a TV Brasília, ele afirmou que ;ainda não deu muito tempo para as coisas acontecerem;, em referência à decolagem da economia. Apesar de considerar pouco exíguo para cobrança, diz que o foco para crescer mais tem que ser a retomada dos investimentos. ;Em particular dos públicos, que é quem tem pago boa parte dos ajustes, dos gastos correntes, que estão por aí e que são muito difíceis de evitar em qualquer governo que seja;, afirmou.

No entanto, o especialista ressaltou que ainda há outros problemas, como o ;gasto corrente excessivo; do governo. ;Precisamos diminuir o gasto corrente e criar espaço para o investimento público crescer;, disse. Para ele, esse é o grande desafio do governo. ;O gasto é protegido por leis, pela própria Constituição, para evitar que os cortadores vão lá e cortem. A disputa política se dá aí, e infelizmente quem paga a conta é o mais fraco. Já os investimentos deveriam ser preservados, porque são eles que vão gerar os empregos que estão faltando no país;, disse.

Para reequilibrar as contas, Vel-loso acredita que é preciso ;atacar; em dois pontos específicos: a Previdência e assistência social. ;Esses dois itens dominam praticamente todos os gastos da União, mas todos são como se fossem pagamentos das pessoas. E é aí que nós temos de atacar. Por quê? Porque esses itens dominam hoje o gasto. Nós, lá atrás, quisemos fazer o Brasil um país de aposentados e beneficiários de programas de transferência de renda, e fizemos isso, mas a conta chegou, e não dá para gastar tanto quanto estamos gastando, tem que recuar.;

Em relação às mudanças em tributos, o economista alertou que, ;toda reforma tributária sempre piora a vida de um grupo e melhora a de outro;. ;Muitas vezes você troca um determinado imposto por uma outra forma de tributar, por uma outra alíquota, mas nunca ninguém explicita quanto e quem vai ganhar, e quanto e quem vai perder. Então, quem vai ganhar fica quieto, só age nos bastidores defendendo aquela proposta, e quem está perdendo está abrindo o bico o tempo inteiro;, constatou.

Durante o programa, Velloso elogiou a reforma da Previdência, mas criticou a retirada dos estados da proposta aprovada em primeiro turno da Câmara dos Deputados. ;É preciso examinar os motivos pelos quais a Câmara tirou o apoio da inclusão dos estados, mas, de fato, o maior problema (da reforma da Previdência) é o deficit do conjunto dos estados que não só deveriam estar na proposta, como deveriam encabeçar a reforma;, concluiu.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira

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