postado em 30/08/2019 04:05
Apesar de ter crescido 3,2% no segundo trimestre, conforme dados divulgados ontem pelo IBGE, a taxa de investimentos ainda desaponta. No primeiro semestre, o indicador alcançou 15,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o nível mais baixo dos últimos 50 anos. Para a economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), os investidores esperam para ver quais serão as regras, antes de se arriscarem em uma economia que passa por reformas.
;Tem muita coisa sendo discutida: reforma da previdência, tributária, preço do gás;, explicou a economista. Para ela, o ;ritmo lento; das reformas não colabora para a retomada mais rápida dos investimentos, além das incertezas da economia mundial. ;Hoje, vivemos em um mundo muito acelerado. As reformas teriam que ser aprovadas com mais velocidade para aproveitar as oportunidades de investimento. Com relação à reforma tributária, por exemplo, ainda há muita incerteza;, disse.
;Boa parte dos investimentos está concentrada no setor de transportes, pois desde a greve dos caminhoneiros, no ano passado, as empresas aumentam suas frotas para fugir dos autônomos;, acrescentou Silvia.
Na avaliação da economista, uma boa notícia foi o consumo das famílias, que cresceu 0,3% e está em trajetória de recuperação: na comparação com o segundo trimestre de 2018, o índice aumentou 1,6%, mais do que o PIB como um todo, que teve expansão de 1%.
Para Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim, o consumo das famílias ;mostra que a economia não está em colapso;, apesar da baixa taxa de investimentos. Segundo ele, o resultado do PIB mostra uma economia lenta, mas sólida, que retoma aos poucos o dinamismo. Na avaliação dele, a tramitação da reforma da Previdência já está produzindo efeitos positivos. ;Do ponto de vista político, dá para dizer que já foi aprovada. A sociedade mostrou que aceita fazer uma reforma dura como essa;, avalia.
Segundo Padovani, a reforma tributária, o marco legal do saneamento e a lei de falências também são importantes para aumentar a capacidade do país de crescer a médio prazo, mas nenhuma é tão crítica como a da Previdência, que é essencial para estabilizar a dívida pública. Por isso, ela tem um impacto maior na confiança e na retomada dos investimentos. ;É a chave para estabilizar o ambiente, tornando o cenário mais previsível.;
;Estamos avançando na política econômica desde 2016, melhorando os fundamentos econômicos;, disse o economista. ;O cenário global é sempre uma incógnita. Temos que torcer para ser bom, mas não o controlamos. Portanto, o importante é ter bons fundamentos para segurar choques externos.;