Economia

Mulheres lucram mais que os homens investindo em franquias

Acostumadas a ser multitarefas, mulheres vêm se dando bem à frente de franquias diversas, gerando renda e contribuindo para movimentar a economia do país

Aline Lourenço* Estado de Minas
postado em 02/09/2019 09:42
Dona de duas unidades da Empresta Bem Melhor, Priscila de Carvalho recuperou o investimento em menos de um anoO empreendedorismo feminino ganha cada vez mais destaque no país, promovendo transformações na sociedade e na economia. Não é a toa que, hoje, as mulheres já representam aproximadamente metade de toda a força de trabalho existente no Brasil. De acordo com o governo federal, três em cada quatro lares são chefiados por mulher, e 41% delas têm o seu próprio negócio.

De olho nos resultados crescentes do setor de franquias e na maior segurança por investir em um negócio já consolidado, o público feminino vem apostando nesse tipo de empreendimento.

Segundo o estudo ;Liderança Feminina no Franchising;, realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), hoje, as mulheres representam 48% dos franqueados no Brasil. Ainda de acordo com a pesquisa, as franquias sob o comando feminino podem ter faturamento até 30% maior em relação ao público masculino.

Para Lucien Newton, diretor da Loja de Franquia, empresa que tem como objetivo proporcionar o crescimento empresarial via franchising, as mulheres se sentem mais confortáveis nesse modelo de negócio, o que pode ser uma justificativa para o sucesso. ;Hoje, 60% dos clientes que nos procuram para investir em franquias são mulheres.;

Já Douglas Andrade, gerente de rede de franquia Empresta Bem Melhor, que atua no mercado de crédito, acredita que um dos motivos para o crescimento do lucro nas franquias comandadas por mulheres é a característica que somente esse público apresenta. ;Em nosso segmento, é necessário foco e presença, além de paciência. As mulheres em geral conseguem lidar com todas essas necessidades e ainda mantêm o espírito de liderança aceso para comandar e gerar resultados;, ressalta.
Priscila de Carvalho Magalhães trabalhava como gerente, mas quando viu uma oportunidade para crescer profissionalmente, decidiu abrir uma franquia. ;Trabalhei na Empresta desde 2010. Devido ao lançamento do canal de franquia pela Empresta, pedi demissão e adquiri a minha, em 2014. Hoje, sou proprietária de duas unidades, uma no Barreiro Industrial, em Contagem, e outra no Barreiro;, conta.

Para a empresária, ;franquia reduz os riscos no negócio, pois a franqueadora disponibiliza conhecimento e suporte para seus franqueados;. Ela também comenta os bons resultados. ;No primeiro mês de abertura, já conseguimos gerar receita suficiente para realizar os pagamentos das despesas fixas. Com menos de um ano, já tínhamos recuperado o nosso investimento. E, neste ano, o faturamento cresceu 25% no primeiro semestre, comparado com o mesmo período de 2018.;

DESAFIOS

Depois do nascimento do segundo filho, a empresária Jaciana Magalhães Costa decidiu deixar o emprego, mas precisava de uma fonte de renda, em algum trabalho em que fosse possível conciliar com a maternidade.

;Optei pela franquia, por oferecer um risco baixo, uma vez que o modelo de negócio que é repassado ao franqueado já foi testado, com sucesso, por seu franqueador. Assim, o franqueado adquire uma empresa bem estruturada, recebendo todo o suporte para assegurar o sucesso do negócio;, lembra.
No começo, ela conta que enfrentou dificuldades. ;Meu principal desafio foi alcançar um público infantil dentro de um shopping com mix totalmente voltado para adultos. E desafiante também, alinhar a equipe para que trabalhe com excelência, sempre fidelizando o cliente;. Ela conta que, mesmo com as dificuldades iniciais, vem conseguindo bons resultados. ;A franquia tem me ajudado a adquirir minha independência financeira;, revela, animada.
Outro exemplo é Silvia Pires, empreendedora e franqueada da rede Blue Sol ; Energia Solar, em Araraquara, interior de São Paulo. Ela começou o negócio há um ano e meio.

[SAIBAMAIS];A ideia surgiu após estudar bastante o plano de negócios e entender que empreender envolve desafios que vão muito além da habilidade técnica e aporte financeiro. Por isso, optei por um modelo de franquia que possibilitou iniciar o meu negócio de forma consistente para permanecer no mercado e crescer;, revela.

Para Sílvia cada barreira vencida é um aprendizado. ;Os desafios são muitos, mas o que considero mais importante é estar preparada para os acontecimentos não planejados, além de não me desanimar diante das dificuldades. É importante manter e seguir o plano;, ressalta.
Já Sylvia de Moraes Barros, CEO da The Kids Club, em São Paulo, acredita que o fato de a mulher ser multitarefas é a chave para o triunfo. ;Acho que nós, mulheres, temos um grande poder gerencial, principalmente em franquia, em que você tem que vestir vários chapéus e assumir posições diferentes; função esta que já estamos acostumadas a fazer. Você tem o papel financeiro, de marketing e o de gestor de pessoas. E as mulheres têm muita facilidade e aptidão para lidar com pessoas e, como os negócios são feitos por pessoas e para pessoas, a gestão é muito importante;, revela.
*Estagiária sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares.

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