Economia

Juros futuros fecham de lado, mas têm alívio na semana

Agência Estado
postado em 06/09/2019 17:57
Os juros futuros não tiveram fôlego para sustentar a queda vista pela manhã e já no começo da tarde desta sexta-feira o movimento perdia força, com as taxas migrando para perto dos ajustes de quinta, na medida em que o ritmo de baixa do dólar também esfriou. Havia alguma expectativa com o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, mas suas declarações não endossaram a percepção "dovish" trazida pela leitura do relatório de emprego norte-americano divulgado mais cedo. No Brasil, o IPCA de agosto marginalmente acima da mediana das estimativas e com alguns preços de abertura mais pressionados não alterou o cenário benigno para inflação e Selic, tampouco teve impacto relevante sobre a curva. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 5,37%, de 5,388% quinta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou em 6,45%, de 6,431%. A taxa do DI para janeiro de 2025 ficou em 7,00%, de 6,981%. A semana foi de alívio nos prêmios, entre 10 e 20 pontos-base, dos principais contratos. "O payroll foi mais fraco e o mercado se animou, entendendo que o Federal Reserve ficaria mais propenso a cortar juros. Já o discurso de Powell foi neutro. Pode até ter havido alguma decepção, com o mercado esperando alguma sinalização mais 'dovish' em função do payroll", afirmou Matheus Gallina, trader de renda fixa da Quantitas Asset. Powell discursou na Universidade de Zurique, na Suíça. "Analisando racionalmente, o formato deste tipo de evento não me parecia propício para qualquer comentário mais forte", acrescentou. O movimento de baixa do DI foi firme pela manhã, depois do relatório de emprego nos EUA, quando o dólar bateu na mínima de R$ 4,0546. O número de criação de vagas - 130 mil ante 150 mil esperadas - acabou ficando em primeiro plano em detrimento do aumento do salário médio por hora (0,39%) acima do esperado (0,30%). No entanto, não houve mudança relevante nas apostas de que o Fed deve promover um corte de 25 pontos-base no juro na sua reunião deste mês. Já Powell disse que a economia americana está "em um bom lugar", com um mercado de trabalho ainda se tornando mais apertado. Por outro lado, reconheceu que a insegurança em torno das questões comerciais tem levado empresas a segurar investimentos. Também admitiu que o Fed não devia ter deixado a inflação americana "cair para tão abaixo da meta" de 2%. Por aqui, o IPCA de 0,11%, ante mediana das estimativas de 0,10%, não desanimou o mercado sobre o corte de 0,50 ponto porcentual, mesmo com piora em alguns preços de abertura, mas que não comprometeu a percepção de inflação bem comportada. Na precificação da curva de juros, a probabilidade de corte de 0,50 ponto da Selic é de 84%, conta 16% de chance de queda de 0,25 ponto, segundo a Quantitas. O Bradesco revisou sua projeção de Selic para o fim do ciclo de queda de 5,0% para 4,75%.

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