Maria Eduarda Cardim
postado em 07/09/2019 07:00
Além de ser um problema social, a violência nos estados brasileiros também é um obstáculo para a economia do país. No comércio varejista, por exemplo, os gastos com segurança cresceram 331% nos últimos 10 anos. O número supera o percentual de aumento de vendas do setor no mesmo período, que foi de 245%. Os dados foram divulgados ontem por uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).A boa notícia revelada pelo estudo é que os quatro estados analisados ; São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul ; registraram o menor prejuízo causado por roubos de cargas e roubos a estabelecimentos comerciais em relação aos primeiros semestres dos últimos quatro anos. Em comparação ao primeiro semestre de 2018, o prejuízo de São Paulo, estado que mais sofre com os roubos entre os quatro, diminuiu em 18%. No Rio de Janeiro, a queda foi de 22%, em Minas, 32%, e no Rio Grande do Sul, 26%.
Apesar da retração observada, o economista da CNC, Fábio Bentes, afirma que o número ainda é alto para o setor do comércio. ;Medidas de coordenação entre as forças de segurança estão surtindo efeito . Vemos isso de forma positiva, mas se contextualizarmos, o prejuízo ainda é muito grande;, avalia. Juntos, os quatro estados somaram R$ 7,61 bilhões de prejuízo no primeiro semestre do ano.
O economista responsável pela pesquisa ressalta que o consumidor é atingido diretamente pelo problema. No Rio de Janeiro, o aumento de 1% nas ocorrências envolvendo o comércio implica alta média de 0,34% nos preços. ;Com isso, percebemos que a criminalidade que afeta o comércio não é só um problema social, é um problema econômico, porque gera custo para o comércio e até mesmo para o consumidor;, explica.
Para atenuar a violência e diminuir os prejuízos, os empreendedores optam por contratar empresas privadas de segurança ou seguros melhores para as lojas, mas dessa forma desembolsam mais dinheiro. ;Você corrige um problema, mas isso influencia no preço dos produtos vendidos;, afirma.
O economista explica que a violência afeta até mesmo na maneira da empresa empreender. ;Algumas desistem por causa do custo de operação mais alto. Isso acaba sendo um obstáculo adicional;, disse. Outras pensam duas vezes antes de abrir uma loja física e preferem investir no universo on-line, que emprega muito menos gente, lembra Bentes.
De acordo com a pesquisa, os produtos mais roubados são alimentos e bebidas, combustíveis, eletrônicos, cigarros e medicamentos. E o método mais usado para o roubo é o assalto com ameaça ao condutor.