Economia

Em um ano, mais de 133 mil brasileiros desistiram do plano de saúde

A retração de 0,3% representa o rompimento de 133,3 mil vínculos entre julho de 2019 e o mesmo mês de 2018

Anna Russi
postado em 09/09/2019 15:10
Plano de saúde
Com 46,99 milhões de beneficiários em julho, o setor de planos de saúde médico-hospitalares registrou o menor número de carteiras das Operadoras de Planos de Saúde desde março de 2012. A retração de 0,3% representa o rompimento de 133,3 mil vínculos entre julho de 2019 e o mesmo mês de 2018, de acordo com a Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

Para José Cechin, superintendente executivo do IESS, não há motivos para alarde. ;O setor está patinando, mas não há uma indicação de que devemos iniciar um período de retração no total de beneficiários como aconteceu a partir de dezembro de 2014;, avaliou. Na visão dele, a saúde suplementar acompanha a economia e ;vem ensaiando um processo de recuperação; que está demorando mais do que o esperado para engatar.

Já Igor Rodrigues Brito, professor de direito do consumidor do IESB, avaliou o movimento como previsível e uma consequência dos fortes investimentos das operadoras em planos coletivos. Ele explicou que a maior flexibilidade de reajustes dos planos empresariais diminui a adesão e aumenta o rompimento das pessoas com as operadoras, já que o serviço passa a não caber no bolso do consumidor.

Brito lembra que o país enfrenta queda de emprego e de renda desde 2014 - com 12,6 milhões de desempregados - portanto, na visão do professor, como a maioria dos planos coletivos são relacionados a planos empresariais, a queda no número de planos de saúde é um impacto natural. ;Isso coloca os consumidores em risco, já que você nunca sabe quando vai ficar doente. Obviamente a adesão e manutenção do serviço está vinculado a capacidade das pessoas de pagamento;, disse.

O levantamento ressalta que houve aumento de 2,2%, equivalente a 147,3 mil contratos, na adesão de planos de saúde médico-hospitalares entre pessoas de 59 anos ou mais.

São Paulo liderou queda

Os números da NAB mostram que dos 133,3 mil vínculos rompidos, 91,1 mil se concentram no estado de São Paulo. Entre as cinco regiões brasileiras, apenas o Centro-Oeste e o Norte tiveram alta no número de beneficiários. As outras três regiões - Sul, Sudeste e Nordeste - apresentaram queda.

Cechin destaca que apesar de liderar a queda, o número de perdas nos planos de saúde de São Paulo não representam nem 1% do total de beneficiários do estado. ;Logo, o setor deve ficar atento a este comportamento, mas ainda não é nada alarmante;, concluiu.

Planos odontológicos avançam

Por outro lado, o segmento de planos exclusivamente odontológicos apresentou alta entre os 12 meses analisados - julho de 2018 a julho deste ano. O setor cresceu 6,2% no período, totalizando 1,5 milhão de novos contratos e 24,96 milhões de beneficiários.

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