Leonardo Cavalcanti - Enviado especial
postado em 10/09/2019 11:31
Link;ping (Suécia) - Em meio á dificuldades orçamentárias, integrantes da alta cúpula militar brasileira acompanharam, na Suécia, os primeiros testes táticos e de censores do caça Gripen - a aeronave foi escolhida ainda em 2014 para renovar a frota de defesa nacional. Levantamento da associação Contas Abertas, a pedido do Correio, revela que os recursos para o ;;programa de aquisição de aeronaves e sistemas;; (FX-2) será reduzido em 52,6% a partir do próximo ano.
Os recursos reservados para a compra e desenvolvimento do Gripen subiram entre 2018 (R$1.050.133.500) e 2019 (R$ 1.357.511.151), mas caíram drasticamente na previsão para o próximo ano (R$ 643.340.000). Isso sem contar o que pode vir a ser contingenciado neste e no próximo ano. De uma forma geral, houve uma queda de 42% nos programas do Ministério da Defesa, que, em nota, garante que trabalha com ajustes para que não ocorram impactos significativos nos projetos.
Há uma preocupação com a queda dos recursos, mas integrantes da empresa sueca Saab, fabricante dos caças garantem o acordo. O mesmo ocorre no Brasil, o que ficou claro com a presença do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, em Link;ping, a 200km de Estocolmo, na sede da Saab, onde ocorreu o segundo voo oficial da primeira aeronave encomendada pelo governo brasileiro - o primeiro teste foi em 26 de agosto.
Os testes são um passo efetivo de programa gestado há quase duas décadas para renovação da frota de caças brasileiros. Iniciado ainda em 2001, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso lançou o projeto F-X, o processo de compra passou pelos governos Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer até chegar à gestão de Jair Bolsonaro, a com um orçamento mais baixo até aqui.
A disputa de quase R$ 17 bilhões envolveu diretamente a norte-americana Boeing, a francesa Dassault e a sueca Saab, que acabou vitoriosa. Em outubro de 2014, a Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou o resultado da concorrência. O acordo prevê a compra de 36 aeronaves e a transferência de tecnologia, o que já vem ocorrendo a partir de parcerias com empresas brasileiras - representantes das companhias nacionais também participaram do evento ontem na Suécia.
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;;É um programa de soberania e defesa. Aumentamos a capacidade da FAB e impulsionamos a transferência de tecnologia para o Brasil, abrindo as fronteiras para o conhecimento;, disse Azevedo e Silva. ;O setor também representa 4% do PIB, gerando mais de 285 mil empregos diretos e 850 mil indiretos, com salário médio de aproximadamente duas vezes maior ao da média nacional. O projeto Gripen vem para robustecer estes números.;;
Os governos brasileiro e sueco - além das empresas envolvidas no projeto - esperam ampliar o mercado internacional a partir da unidade de produção da Embraer, em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo. O comandante da FAB, o brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez, disse que o presidente Jair Bolsonaro continua ;;priorizando a alocação de recursos necessários a um projeto tão promissor para o Brasil;;.
Procurado ainda na semana passada, o Comando da Aeronáutica não confirmou aspectos sobre a dotação orçamentária para o processo de compra, mas garantiu que o cronograma está mantido, detalhando aspectos como as etapas de certificação. ;;O cronograma de entregas contratado pela Força Aérea Brasileira contempla o recebimento das aeronaves a partir de 2021 até 2026. Será um total de 36 aeronaves que vão, inicialmente, ser operadas por unidades aéreas a partir da Ala 2, em Anápolis (GO). Os pilotos brasileiros efetuarão o treinamento na Suécia a partir de 2020;;, diz a nota da assessoria militar.
Cerca de 350 profissionais brasileiros participam do programa de transferência de tecnologia na Suécia, que envolve 62 projetos de diversas disciplinas aeronáuticas.
*O jornalista viajou a convite da Saab
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