Agência Estado
postado em 19/09/2019 08:45
O Banco da Inglaterra (BoE) decidiu por unanimidade, ou seja, nove votos a zero, manter a sua taxa básica de juros inalterada em 0,75% ao ano. Pelo mesmo placar, o comitê de política monetária da instituição aprovou a manutenção do estoque de compras de bônus corporativos não financeiros em 10 bilhões de libras e o de bônus do governo, os Gilts, em 435 bilhões de libras.
"Desdobramentos relacionados ao Brexit estão deixando dados econômicos do Reino Unido mais voláteis, com o PIB (Produto Interno Bruto) caindo 0,2% no segundo trimestre de 2019 (em relação ao trimestre anterior), e agora esperamos que cresça 0,2% no terceiro trimestre", afirma o BoE.
Para o comitê, o crescimento subjacente da economia britânica desacelerou, mas permanece "ligeiramente positivo". "Um grau de excesso de oferta parece ter se aberto dentro de empresas", acrescenta o comunicado. "O governo anunciou um aumento significativo em gastos departamentais para o período de 2020 a 2021, que poderia elevar o PIB em torno de 0,4% ao longo do período de projeção do comitê, todo o mais sendo constante."
A inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI), que desacelerou para 1,7% anual em agosto, deve permanecer ligeiramente abaixo da meta de 2% no curto prazo, espera o BoE.
O BC britânico ressalta ser possível que "eventos políticos levem a um período adicional de incerteza arraigada sobre a natureza de e a transição para a eventual futura relação de comércio do Reino Unido com a União Europeia". "Quando mais tempo persistirem essas incertezas, particularmente em um ambiente de crescimento global mais fraco, mais provável é que o crescimento da demanda permaneça abaixo do potencial."
No cenário de um Brexit sem acordo, reafirma a autoridade monetária, a libra provavelmente cairia, a inflação aumentaria e o crescimento do PIB desaceleraria. "As decisões de taxa de juros o comitê teriam de equilibrar a pressão de alta sobre a inflação, da provável queda da libra, e qualquer redução na capacidade de oferta, com a pressão de baixa de qualquer redução na demanda. Nessa eventualidade, a resposta de política monetária não seria automática e poderia se dar em qualquer direção."
Já na hipótese de haver mais clareza de que a economia está rumando para um Brexit "suave", e presumindo alguma recuperação do crescimento global, "é provável que se forme uma margem significativa de excesso de demanda no médio prazo". "Se isso viesse a ocorrer, o comitê julga que aumentos das taxas de juros, a um ritmo gradual e até um ponto limitado, seriam apropriados para levar a inflação sustentavelmente de volta à meta de 2%."