Economia

Intervir ou não no dólar, eis a questão do BC

Descartada bolha de consumo, devido à estagnação da economia, analistas se dividem sobre necessidade de atuação do Banco Central

postado em 21/09/2019 04:14
Volatilidade da divisa dos EUA se deve a fatores externos e, para especialistas, terá pouco impacto na inflação

A sexta-feira foi de muito estresse no mercado financeiro. As cotações do câmbio e da bolsa de valores oscilaram diante do clima de cautela dos investidores pelos acontecimentos externos. O dólar chegou a ser negociado a R$ 4,85 ao longo do dia, mas encerrou cotado a R$ 4,152 para compra e R$ 4,154 para venda, em queda de 0,22%. A instabilidade da divisa norte-americana causa insegurança sobre até que ponto do Banco Central (BC) aceita a alta da moeda.

As opiniões sobre o patamar que exigirá uma atuação mais dura da autoridade monetária varia. A princípio, analistas consideravam que se passasse de R$ 4,20 impactaria a inflação. Depois, elevaram o teto para entre R$ 4,30 e R$ 4,40. Mas até esses valores não são consenso no mercado. Há quem considere que a influência do câmbio nos preços é mínima, já que atividade econômica está no chão e, por isso, o BC não precisa se preocupar.

Para Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora, é difícil apostar em qual será o mínimo ou o máximo, pois é improvável que haja uma bolha de consumo ;com a economia nesse estágio de estagnação;. O Banco Central, ciente de tudo isso, segundo ele, vai agir guiado pelos fatos. ;Não tem um limite. Estamos em uma situação complicada. Mesmo assim, nada indica possíveis interferência do câmbio na inflação. Há cerca de um mês, ninguém imaginava que o dólar chegaria a R$ 4,18; disse. Ele lembra que o BC chegou a vender dólar à vista, mas desistiu porque não tem como controlar os fatos lá fora. Na opinião dele, a falta de uma indicação do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) sobre novos cortes nos juros mexe com os ânimos do mercado.

;No mercado interno, o Banco Central está atento. O problema é a queda da credibilidade e do apoio popular do governo, que sinalizam ainda mais dificuldades para a aprovação das reformas;, destacou Battistel. Ontem, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou o dia em alta de 0,46%, aos 104.817 pontos. Na véspera, depois de atingir mais de 105 pontos fechou em queda de 0,18%, aos 104.339 pontos.

Impacto

Pedro Galdi, analista da Mirae Corretora, explicou que o mercado acionário iniciou a semana sob os impactos da queda na produção de petróleo da Arábia Saudita. ;Ontem, no entanto, causaram transtornos os boatos de que uma delegação da China havia desistido de visitar produtores agrícolas nos EUA;, contou. Os rumores se desfizeram, segundo Galdi, tão logo se descobriu que as visitas marcadas entre os líderes dos dois países, para outubro, estavam confirmadas. ;Tudo ficou relativamente calmo. Resta aguardar as twittadas do Trump (presidente do EUA), no fim de semana;, reiterou o analista.

Nos Estados Unidos, o Dow Jones, principal índice da bolsa americana, fechou em queda de 0,6%. A Nasdaq, das ações tecnológicas, recuou 0,8%. Na Europa, as bolsas mostraram sinais divergentes, Londres fechou em baixa de 0,16%. Frankfurt subiu 0,08%. Paris teve alta de 0,56%. E Milão recuou 0,02%.

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