Economia

Empresas de tecnologia apostam na fidelização para conquistar clientes

Empresas do setor nos Estados Unidos ofertam serviços gratuitamente para conquistar o mercado e miram na educação para formar novos talentos

Denise Rothenburg - Enviada Especial
postado em 22/09/2019 17:29
Larry Ellison, o co-fundador da OracleSan Francisco (EUA) -Descolados e informais, de calças jeans e camisetas, os barões da alta tecnologia que fazem a diferença no mundo de hoje não querem apenas ganhar dinheiro. Eles querem os clientes felizes e fiéis. Que o diga Larry Ellison, o co-fundador da Oracle, que esta semana lançou uma ofensiva que vai balançar o mercado e obrigar os concorrentes a se mexerem: A partir de agora, estudantes, desenvolvedores, professores ligados ao projeto Oracle Academy (que são orientados a levar o conhecimento para a sala de aula) e pequenas empresas, como as startups, terão a nuvem e o sistema autônomo database da empresa gratuitos.

O "always free" que Elisson fornece agora a esses segmentos chega como uma espécie de cartão fidelidade que promete ampliar ainda mais a clientela dessa gigante do mundo virtual. Afinal, dizem os especialistas, quem vai usar um determinado aplicativo tenderá a seguir a recomendação do desenvolvedor. E, quanto aos estudantes, é um mercado aberto e vasto em todo o mundo, ao ponto de a oracle ser a patrocinadora de uma escola pública que funciona hoje dentro de seu quartel-general na Califórnia.

A mesma fidelidade que Elisson pode conseguir de estudantes e desenvolvedores, também não está longe de se repetir nas startups. Cammila Yochabell, fundadora da Jobecam, aprova os serviços oferecidos. "Já me ofereceram para mudar de plataforma, mas eu não mudo. Aqui, além dos descontos, tenho todo o suporte. Não vou mudar", diz ela, que se tornou um case internacional da Oracle, com sua empresa de recrutamento para empregos em currículos de vídeo (leia mais na página;).

Disposto a fidelizar seus clientes, Ellison não vai apostar apenas na gratuidade dos serviços para quem está começando uma empresa ou desenvolvimento algo novo no mundo tecnológico. Para apresentar seus produtos na Oracle Open World 2019 essa semana em San Francisco, ele não teve constrangimentos em citar os concorrentes, em especial, a Amazon Web Services (AWS), o braço de infraestrutura de dados daquela empresa que se tornou conhecida por vender produtos pela internet.

Quando Ellison se refere à nova plataforma para rodar aplicativos na nuvem __ a segunda geração de OCI, Oracle Cloud Infrastructure __ no auditório com capacidade para mais de duas mil pessoas lotado, ele vai direto ao ponto: "Na AWS, o cliente é responsável pela configuração. A AWS não se responsabiliza por erros de configuração. A Oracle Generation 2 é responsável por essa configuração e prevenção de perdas;, diz, sem meias-palavras.


A Oracle se orgulha ainda da sua database multifuncional, que permite aos cliente ter seus recursos de planejamento, de pessoal e tudo mais numa única base, enquanto a AWS tem cinco. "Tudo dentro de um único contexto cria um ambiente muito mais seguro para trânsito de dados", diz o presidente da Oracle Brasil, Rodrigo Galvão, ao detalhar a grande aposta da empresa para abarcar mais mercado, ou seja, deixar tudo numa única base e com um sistema automatizado. "Autonomous é um sistema que traz toda a parte de segurança nessa camada. A arquitetura da nuvem é voltada para rodar base de dados missão crítica, onde estão os principais dados dos clientes, no caso de bancos, por exemplo, suas contas, dados pessoais dos usuários, valores movimentados. Um sistema autônomo dá mais segurança", diz Galvão, lembrando inclusive uma entrevista do presidente mundial da Microsoft, Satya Nadella, à Bloomberg, em que, perguntado qual o produto que ele desejaria que sua companhia tivesse inventado primeiro, e ele respondeu que era o código fonte da Oracle __ uma modesta startup fundada em 1979 que está hoje entre as 10 maiores gigantes do mundo, detentora de uma fatia de mercado que supera os US$ 200 bilhões.

Nesse mundo tão competitivo do mercado de tecnologia, nem só de críticas vivem as empresas. Às vezes, elas se juntam com a Oracle fez recentemente com a Microsoft. "Há dois tipos de clientes, os novos desenvolvimentos, o que nasce novo. Nesse concorremos pau a pau. Porém, apesar da nuvem ter representatividade grande no mundo e estar em crescimento exponencial, grande parte dos dados ainda rodam no mundo tradicional. E nesses ambientes é que temos parcerias", explica Galvão.

Buscar novos clientes, entretanto, não é hoje a única missão das empresas de tecnologia. Eles querem também alertar a todos a importância do ensino em computação para as novas gerações, daí também a ideia do "always free" para estudantes e desenvolvedores. Em 2018, nos Estados Unidos, havia 6,9 milhões de vagas de TI online, representando 24% de todas as vagas. A grande maioria delas, 89%, era para indústrias não-tecnológicas, segundo mostra o relatório da Burning Glass Technology, em parceria com a Oracle Academy, também apresentado essa semana em San Francisco. É consenso entre os diversos segmentos dessa área que, em breve, saber programar será tão básico quanto ler e escrever. Portanto, melhor estar preparado.

*A repórter viajou a convite da Oracle.

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