Economia

A "The Voice" do emprego

postado em 23/09/2019 04:12
San Francisco (EUA) ; O velho ditado "a necessidade aguça o engenho" define o que levou a brasileira Cammila Yochabell, desempregada, com formação em petróleo e gás, a ficar três noites acordada na Nova Zelândia desenhando o que viria a ser a Jobecam.com. A startup de recursos humanos já ganhou o apelido de ;The Voice; do emprego, onde o empregador pode contratar uma pessoa sem saber o sexo, a cor, o sotaque, apenas se considera tecnicamente qualificada. ;Na época, eu procurei sites que tivessem entrevistas de vídeo para emprego e não encontrei. E por ser do Nordeste do Brasil, também senti preconceito;, diz ela, hoje dona do próprio negócio.

No famoso ;The Voice;, artistas ficam de costas para os cantores e viram a cadeira somente depois de decidir apadrinhar o candidato. Na Jobecam, o empregador só vai conhecer a aparência da pessoa interessada no emprego depois que acha a pessoa qualificada para o cargo, por intermédio das perguntas que fez. Essa etapa da entrevista de emprego, em vez da imagem real do candidato, aparecem na tela seis ;avatares;, durante a entrevista, desenhos de uma mulher muçulmana usando um hijab, um rapaz negro de terno, outro branco. Até a voz da pessoa pode ser modificada. As empresas são que fazem as perguntas e os interessados respondem assim que se candidatam. De acordo com as respostas, o sistema vai posicionando os candidatos. ;Ninguém é obrigado a contratar o candidato que estiver melhor posicionado apenas pela blind interview. Em alguns casos, ela funciona como o primeiro processo de seleção;, afirma Cammila.

Os candidatos não pagam nada para se inscreverem no site. ;Em nosso país, onde há 13 milhões de desempregados, muitas pessoas não conseguem emprego, porque não têm dinheiro sequer para ir para a entrevista de emprego ou temem pela própria aparência. Às vezes, vai até a porta da empresa e volta dizendo ;ah, isso não é pra mim;. Nós oferecemos a oportunidade de uma colocação sem preconceitos;, diz Cammila.

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