Economia

Planos de saúde não precisam cometer os erros do SUS, diz Gabbardo

Ministro interino da Saúde sugere que o sistema de financiamento da saúde deve ser revisto, com vantagem para quem tem vida saudável e corre menos riscos de desenvolver doenças

Simone Kafruni
postado em 25/09/2019 11:09
Para João Gabbardo, o sistema não remunera o cuidado com o paciente, mas aqueles que querem faturar maisO sistema de financiamento público de saúde é absolutamente injusto e estimula gastos. A afirmação foi feita pelo ministro interino da Saúde, João Gabbardo, ao abrir o Correio Debate Saúde Suplementar: consumo e sustentabilidade, realizado nesta quarta-feira (25/9) no auditório do jornal. ;Se hospital investir em medidas para reduzir a infecção hospitalar terá menos receita, porque não usará os antibióticos mais caros, que dão rentabilidade;, explicou.

Segundo o ministro, o sistema não remunera o cuidado com o paciente, mas aqueles que querem faturar mais. ;Isso tem de ser revisto. Os planos de saúde não precisam repetir os erros que nós cometemos;, ressaltou. Gabbardo defendeu um modelo que garanta vantagens e bonificações às pessoas que têm hábitos saudáveis de vida e que, por isso, têm menos riscos de desenvolver doenças. ;Os gestores precisam reconhecer quem vai gastar menos e viver melhor;, sustentou.

Gabbardo enumerou os desafios da saúde pública. ;Saúde é o ponto mais significativo e de maior importância para a população. É uma coisa que todos nós vamos precisar em algum momento da vida. Somos todos dependentes.dela. Por isso ,o grande desafio é equilibrar uma demanda crescente, com gastos que vem aumentando de forma exponencial, sem recursos e base para sustentar as despesas na mesma proporção.;

O ministro ressaltou que o Brasil investe muito no setor. ;Comparado com outros países, não é pouco, são 9,1% do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo ele, o SUS atende 77% da população. Em 2018, foram 11,9 milhões de internações, praticamente 1 milhão por mês. ;Mesmo quem tem plano de saúde usa algum serviço público;, disse.

De acordo com o interino da pasta, o sistema de transplantes do Brasil é um dos melhores do mundo, o programa de imunização é um dos maiores e o país é referência em doação de sangue na América Latina. ;Nosso orçamento cresceu 141% desde 2008. Porém, as despesas com ações judiciais cresceram 1083% no mesmo períodos;, alertou.

O custo para pacientes em tratamento, segundo ele, passou de R$ 120,1 milhões, em 2009, para R$ 1,4 bilhões no ano passado. ;Em 2019, está em R$ 999 milhões e pode chegar a R$ 1,5 bilhão;, revelou.

Atenção primária


A decisão do ministro titular Luiz Henrique Mandetta é ampliar o investimento em atenção primária, disse Gabbardo. ;A saúde suplementar também terá de percorrer esse caminho para promover o reequilíbrio financeiros dos planos;, sugeriu.

O objetivo do governo é criar uma competição positiva entre as equipes de saúde da família. Cada equipe atende 4 mil pessoas e são 40 mil, portanto o programa deveria atender 160 milhões de pessoas. Mas apenas 80 milhões são cadastradas. ;A partir de agora, as equipes vão receber por pessoas cadastradas e por indicadores, como redução de diabetes ou DST/Aids, aumento de cobertura vacinal. Isso vai gerar uma competição positiva;, assinalou.

Gabbardo também destacou o programa de vacinação e sugeriu que os planos de saúde se envolvam mais na imunização, já que isso reduz doenças e gastos. ;Não vemos envolvimento das operadoras. Poderiam fazer acordos com o governo federal. Seria uma vantagem para o país e para os planos. Não queremos repassar a responsabilidade, mas poderia haver maior envolvimento;, afirmou.

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