Economia

Identificação de tratamento ao idoso pela faixa etária é inadequada

Especialista esclarece que a definição por idade prejudica o paciente, e é motivo de gastos desnecessários, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na iniciativa privada

Catarina Loiola*
postado em 25/09/2019 15:05

Edgar Nunes, coordenador do Núcleo de Geriatria e Gerontologia da UFMG A divisão do tratamento ao idoso de acordo com faixa etária não é adequada aos pacientes e prejudica o sistema de saúde, explica Edgar Nunes, coordenador do Núcleo de Geriatria e Gerontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). De acordo com ele, que participa, nesta quarta-feira (25/9) do Correio Debate Saúde Suplementar: consumo e sustentabilidade, a forma correta é qualificar o tratamento segundo o grau de vitalidade, entre idoso robusto e frágil.

Edgar Nunes, que também é consultor do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (CONASS) na área de Saúde do Idoso, esclarece que a definição por idade é motivo de gastos desnecessários tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na iniciativa privada. "Será que o sistema de saúde sabe diferenciar um e outro? Ele trata todos iguais. Esse é o equívoco. O que é bom para o idoso com muita vitalidade é péssimo para o idoso com muita fragilidade. São organismos completamente diferentes", afirma.

Nunes destaca que o tratamento por idade extingue as peculiaridades de cada idoso. Para isso, ele desenvolveu o "Índice de vulnerabilidade clínico funcional", que examina a condição do indivíduo. "Mais de 50% dos idosos são robustos, 30% estão caminhando para a fragilidade e apenas 20% são frágeis de fato", assinala. O material está disponível na internet e pode ser usado por todos.

Em sua análise, Nunes considera que o excesso de tratamento é o maior problema do idoso, pois, provoca o aumento de intervenções, medicamentos e procedimentos. "O lugar mais perigoso do hospital para o idosos é o hospital. Porque lá está cheio de médico. Cada dia um medicamento, é um perigo", brinca. No entanto, ressalta que cada caso é um caso, de acordo com a vitalidade do indivíduo.
Sobre o modelo de seguros que preza o consumo, o professor afirma que o excesso de serviços disponíveis ao indivíduo é prejudicial. "Prefiro um idoso tratado no SUS do que na medicina privada. Por que a livre escolha é o maior problema da saúde suplementar. Como que o indivíduo pode escolher ir ao médico todo dia?"

"O envelhecimento é uma conquista, na verdade, é a maior conquista do século. Não é um problema. O problema é o que é feito com o idoso, e não o envelhecimento em si", afirma o professor. Para envelhecer com vitalidade é preciso cuidar da saúde desde o primeiro suspiro de vida. O sistema responsável por esse cuidado é a atenção primária, que auxilia na prevenção e descoberta precoce de doenças e males.

O professor palestrou durante o painel Prevenção e longevidade. Quanto mais se cuidar da saúde desde cedo, sobretudo num país com envelhecimento rápido como o Brasil, todos ganham. Consumidores e operadoras.

Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca

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