Agência Estado
postado em 27/09/2019 18:07
O mercado de juros continuou sem força ao longo da tarde desta sexta-feira, com taxas oscilando em viés de baixa e perto dos ajustes anteriores desde a primeira etapa dos negócios. Nem o clima de cautela que prevaleceu no exterior nem o noticiário negativo em torno do Supremo Tribunal Federal (STF) foram capazes de trazer pressão às taxas, até porque o dólar teve um comportamento tranquilo nesta sexta-feira. A avaliação é de que a curva já "andou" bem desde a reunião do Copom, o que deixou os prêmios mais magros e, por isso, o espaço para novas quedas das taxas futuras está mais restrito. Por outro lado, a perspectiva de continuidade nas reduções na Selic e a percepção de desaceleração da economia global não autorizam uma realização de lucros mais forte.
Num dia de volume mais fraco, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,96%, de 4,979% na quinta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 6,091% para 6,06%. A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou em 6,66%, de 6,691%. As taxas fecharam a semana praticamente nos mesmos patamares da última sexta-feira.
Nas mesas de renda fixa, a avaliação é com as sinalizações do Copom, via documentos e declarações do presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, de que a Selic seguirá em queda pelo menos até 5%, podendo cair abaixo disso, os preços estão bem ajustados. O cenário externo cheio de incertezas, com indefinição nas negociações entre a China e os Estados Unidos e a abertura do processo de impeachment contra o presidente Donald Trump, também não justifica um grau maior de exposição ao risco.
Esperava-se até alguma pressão de alta nas taxas diante da notícia de que a maioria dos ministros do STF votou a favor da ação que pode anular sentenças da Lava Jato. Na sequência, veio a revelação do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de que pretendia assassinar o ministro Gilmar Mendes. Ambos os fatores são considerados catalisadores de insegurança jurídica para afastar investidores. "Isso segura a entrada de fluxo estrangeiro. Muitos deles estariam prontos para voltar, mas com este tipo de notícia devem continuar apenas olhando", disse o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira..
A agenda de indicadores foi farta, mas incapaz de alterar apostas para a política monetária, com dados relativamente dentro do esperado. No fim da tarde, a Aneel informou no mês de outubro as tarifas de energia terão bandeira amarela, ante a cor vermelha que vigorou em agosto e setembro. Com isso, a taxa extra cairá de R$ 4,00 para de R$ 1,50 a cada 100 quilowatts-hora consumidos (kWh). Nas contas da Rosenberg Associados, a mudança deve aliviar o IPCA de outubro em 0,18 ponto porcentual.