Agência Estado
postado em 27/09/2019 18:19
Sem tirar do radar o noticiário político doméstico intenso, o mercado acionário local reagiu mesmo ao exterior nesta sexta-feira. A reação negativa dos investidores por mais um revés na relação já complexa entre Estados Unidos e China contaminou este último pregão da semana.
Ainda assim, perto do final da sessão, a Bolsa mostrou algum fôlego, com os investidores tentando salvar os parcos ganhos acumulados nos últimos cinco dias (0,25%) e deixar o retorno mensal mais próximo de 4% (3,90%) uma vez que na segunda-feira próxima setembro chega ao fim. Assim, o Ibovespa encerrou em leve baixa de 0,23% e conseguiu defender os 105.077,63 pontos.
Rodrigo Barreto, analista da Necton Investimentos, relata que o índice à vista subia 0,26%, aos 105,6 mil pontos, na máxima do dia, quando os investidores tomaram conhecimento de rumores indicando que, entre as novas intenções do presidente americano Donald Trump, está uma imposição de limites a fluxos de investimentos dos EUA para a China.
A notícia veiculada pela imprensa americana de que a Casa Branca avalia limitar os fluxos de capital americanos para a China, colocando um freio por exemplo em investimentos no país, gerou um movimento de maior cautela na parte da tarde nas bolsas de Nova York. A discussão sobre o assunto estaria em estágios iniciais, segundo fontes anônimas citadas, por exemplo, pela rede CNBC, mas a possibilidade já foi suficiente para deixar investidores na defensiva, após um ânimo melhor mais cedo, quando repercutia a notícia da mesma emissora de que a próxima reunião sobre comércio entre americanos e chineses deve começar dia 10 de outubro em Washington.
Para Álvaro Bandeira, economista-chefe e sócio do banco digital ModalMais, os mercados, que já estão voláteis, vão seguir dessa maneira a cada novidade envolvendo a guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta. "Sobre o impeachment de Trump ninguém acredita muito, mas traz ruído, o que nunca é positivo".
Já no cenário doméstico, destaca Bandeira, o quadro político - como a primeira parte do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) cujo placar de 6 a 3 já cria jurisprudência para a anulação de condenações realizadas no âmbito dessa operação - teve certa influência quando coloca em suspeição o combate à corrupção. "Aí, o estrangeiro tira um pouco o pé e o volume do mercado cai", diz ele. O giro financeiro da sessão foi de R$ 12 bilhões, abaixo da média mensal.
De acordo com a B3, o investidor estrangeiro havia ingressado com R$ 3,529 milhões no pregão da última quarta-feira e, em setembro, o saldo é positivo em R$ 812,148 milhões. No entanto, no ano, ainda está negativo em R$ 20,417 bilhões.